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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​A “pós-verdade” e o relativismo

27 jan, 2017 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A desvalorização da verdade é a mais recente manifestação de relativismo.

Os dicionários da universidade de Oxford consideraram a “pós-verdade” a palavra do ano em 2016. Ou seja, factos objectivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais.

Já em 2017 Trump veio dar novo impulso à moda da desvalorização da verdade. Por exemplo, ao invocar “factos alternativos” para dizer que a cerimónia da sua posse tinha sido a que reuniu mais gente desde sempre (o que é falso). Trump também costuma contradizer-se a si próprio, como, depois de insultar os serviços secretos americanos, afirmar que estava “mil por cento” ao lado da CIA.

A raiz desta tendência, que se manifesta também em níveis bem mais graves, está naquilo contra o qual J. Ratzinger, hoje Papa emérito Bento XVI, tanto lutou: o relativismo e a “concepção débil da pessoa humana” que ele pressupõe. Como acontece quando o filósofo australiano Peter Singer dá mais valor a um chimpanzé adulto do que a uma criança de semanas ou quando a chamada “ideologia de género” despreza as realidades físicas, tudo considerando mera construção social.

Comentários
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  • Joaqum Santos
    28 jan, 2017 Tojal 21:44
    Pelo que tenho lido, os comentários aqui apresentados não são inocentes, conhecem bem o autor dos artigos "Francisco Sarsfield Cabral" e o seu fim, não é apresentarem um comentário sério. É dar pontapés em gato vivo, e bem vivo, para que pareça morto.
  • MASQUEGRACINHA
    28 jan, 2017 TERRADOMEIO 19:26
    Já agora, uma pequena observação: andarão o Sr. S. Cabral e o Sr. H. Raposo a ler pela mesma cartilha, ou a lerem as cartilhas um do outro para refrescar ideias? Se não, é deveras notável coincidência que o Sr. H. Raposo desse, hoje, no Expresso, forte e feio no Peter Singer, e ontem, na RR, vergastasse os relativismos, e aqui temos o Sr. S. Cabral, na exposição mais tipo abstract que o caracteriza, a meter as mesmas "buchas"...
  • MASQUEGRACINHA
    28 jan, 2017 TERRADOMEIO 18:40
    Como qualquer fabricante de automóveis sabe desde que existem automóveis, e verte nos respectivos anúncios, os factos objectivos não têm praticamente influência nenhuma, ao contrário dos apelos à emoção e às crenças pessoais. Decididamente, começo a ficar pelos cabelos com essa da pós-verdade e do Dicionário de Oxford dixit está dixit. Pensava que era piada, afinal é a re-redescoberta da pólvora. É a pós-verdade da pós-verdade. Mas ninguém tem tino, ou o que é que se passa? Nunca ninguém reparou no funcionamento das técnicas de marketing, ou no processo de formação do velhinho boato, ou nas tretas das crianças, ou na conversa dos borderline, ou nos programas dos políticos antes das eleições? Quanto à construção social, é de facto tudo, porque tudo o que é humano é construção social - até a religião, ou até as opiniões de ser coisa "mera". Para o compreendermos, nem precisamos da sociologia ou da psicologia social: basta-nos a história. Falta espaço para analisar até que ponto a "raiz desta tendência" relativista não mergulha, de forma muita pragmática, nos ensinamentos e duradoura mensagem de Cristo - note-se que digo "Cristo" e não "Igreja". E por falar em automóveis: às vezes tenho a sensação de ter o Sr. S. Cabral vendido carros usados sem bomba de água a alguns dos comentadores...
  • Carlos Martins
    27 jan, 2017 Lousada 14:58
    Sarsfield devia abster-se de falar de Peter Singer se não conhece a sua obra. Fazer insinuações retirando afirmações do contexto em que foram produzidas além de perverso é intelectualmente desonesto. A obra de Peter Singer aborda essencialmente a ética prática mas também defende os direitos dos animais e afirma que a injustiça de algumas pessoas viverem em abundância enquanto outras morrem de fome é moralmente indefensável. A leviandade com que Sarsfield se refere a Singer além de confrangedora revela uma ignorância que deveria envergonhar o autor. Sobre este assunto em particular deveria apresentar argumentos racionais às conclusões de Peter Singer. Mas para isso é necessário trabalho, leitura e raciocínio. Algo que denoto ausência ao ler a opinião de Sarsfield. Lamentavelmente.
  • ALETO
    27 jan, 2017 Lisboa 14:48
    É visível o desagrado dos comentadores com o professor Sarsfield Cabral. Resta saber porque razão a Renascença mantém as suas más colunas de opinião.
  • Indignada
    27 jan, 2017 Fig. Foz 14:09
    Sr. Cabral, a desvalorização da verdade é recentes? Onde tem andado? Pela idade que aparenta, e numa atitude de respeito pelos portugueses, devia dizer que a mesma anda afastada dos portugueses, é manipulada há mais de 40 anos. A não ser que eu esteja errada e o sr. apoia todos aqueles que nos têm mentido descaradamente, ou já se esqueceu do que eles, em especial os socialistas, prometeram e não cumpriram, mesmo com as euro-esmolas?
  • António Costa
    27 jan, 2017 Cacém 13:44
    Em primeiro lugar "A Verdade" é mais velha do que a cheia do Nilo. Apagar e corrigir a História já vêm do tempo dos escribas às ordens dos Faraós. O Relativismo apenas diz que o que é decisivo são os princípios de onde se parte. São as bases que consideramos à Partida certas ou erradas que decidem "O Fim". Escolhendo Princípios Diferentes chegamos a Fins Diferentes. É por isso que existe censura, para poder "cozinhar" noticias falsas. É por isso que uma foto de um bebé morto numa praia europeia influência mais a "Opinião Pública" do que as fotos de 50 crianças em bocados, em atentados em África, que não são publicadas.
  • Justus
    27 jan, 2017 Espinho 12:25
    As voltas que Sarsfield dá para abordar um tema onde não faltam fatos e histórias bem vivas e recentes neste cantinho português! Comece pelo jornalismo, pelos escribas e comentadores deste país que profanam diariamente a verdade, mentindo, distorcendo fatos e propagando ideias e conclusões falsas. Não é preciso ir longe nem refugiar-se em citações. Desça à terra, aqui tão pertinho e numa área que é sua e sr. bem conhece. É aqui, neste jornalismo de mentira, oportunismo e servilismo que a verdade vai sendo adulterada.
  • 27 jan, 2017 Trancoso 12:13
    Eu também seria um bom comentador se fosse ao "wikipédia" e retirasse umas frases feitas e as metesse numa coluna de opinião da RR. Exemplo esta frase "factos objectivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais." está "ipsi vebis" no sítio «https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/16/O-que-é-‘pós-verdade’-a-palavra-do-ano-segundo-a-Universidade-de-Oxford» Senhor Francisco, copiar as ideias dos outros é plagio, ou seja é um embuste! (ou se preferir uma pós-verdade!)
  • Marco Visan
    27 jan, 2017 Porto 09:07
    É deveras surpreendente como um artigo de Sarsfield Cabral consegue reunir elementos tão interessantes, na sua coluna de opinião, como Donald Trump, a CIA, o Papa Bento XVI e um chimpanzé.