Tempo
|
Eunice Lourenço
Opinião de Eunice Lourenço
A+ / A-

A jogada de Assunção

11 set, 2016 • Opinião de Eunice Lourenço


A Câmara de Lisboa já serviu para lançar um Presidente da República e foi cartão de visita de dois primeiros-ministros, mas pode ser uma casca de banana para um líder partidário.

A candidatura à Câmara de Lisboa é uma jogada esperada, mas arriscada, para Assunção Cristas, que, antes de mais, coloca pressão no PSD. Os sociais-democratas têm de decidir se apoiam a líder do CDS – e o líder da distrital de Lisboa já disse que não – ou se arranjam um candidato que tenha perfil e capacidade para vencer a corrida à capital – e Pedro Passos Coelho já voltou a dizer que não tem pressa.

A única vez que o CDS ganhou Lisboa foi com Krus Abecasis que teve o apoio do PSD. Já a experiência de um líder do CDS se candidatar à capital não foi de boa memória para os centristas e o cenário pode vir a repetir-se com um dos mesmos protagonistas: Pedro Santana Lopes, um dos nomes mais desejados por muitos sociais-democratas para reconquistar a Câmara de Lisboa.

Santana já disse que não, mas agora está numa fase de “talvez” e pode sempre voltar ao lugar político onde terá sido mais feliz. A concretizar-se essa candidatura – que Santana será o único que tem tempo para decidir, dado o seu nível de notoriedade – pode repetir-se o cenário de 2001 em que concorreu com o então líder do CDS, Paulo Portas, que fez uma campanha que ficou célebre pela sua promessa: “Eu fico”. Na noite eleitoral dessas autárquicas, Portas não só não ficou na Câmara, como ia ficando fora da liderança do partido. Foi salvo à última hora pela demissão de António Guterres.

Ao candidatar-se à Câmara, Assunção Cristas vai ser confrontada, durante meses, com as mesmas questões que se colocavam, então, a Paulo Portas: fica na Câmara ou no Parlamento? Continua a ser candidata a primeiro-ministro numas legislativas que tanto podem ser daqui a quatro anos como a qualquer momento?

A Câmara de Lisboa já foi base de lançamento para um Presidente da República e cartão de visita para dois primeiros-ministros, mas pode ser uma casca de banana para um líder partidário. Uma vitória autárquica em Lisboa, sem o apoio do PSD, parece muito longe e condicionaria Assunção Cristas para as legislativas. Uma derrota em Lisboa com um mau resultado pode ser o fim da sua liderança porque derrotas autárquicas é o que não falta ao CDS, mas neste caso, será uma derrota pessoal da líder do partido.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • carmom
    15 set, 2016 FAMALICÃO 18:18
    Será muito difícil Assunção Cristas ter grande votação.Os portugueses continuam muito apegados ao clubismo.Eu sou do PS eu sou do PSD eu sou do CDS eu sou do PCP .Qualquer dos partidos pode apresentar o maior palerma que os seus apoiantes votam.O CDS ainda não conseguiu mostrar que não é um partido de ricos.Só mesmo os ricos sabem, que o partido não é deles.
  • rosinda
    13 set, 2016 palmela 23:33
    Qual jogada qual carapuça! O psd deve apoiar a candidatura de assunçao cristas a camera de lisboa! O santana nao nao tem hipose façam o mesmo que fizeram com Kruz abecasis e aposto que nao se vao dar mal!