13 nov, 2015
O país está interrompido desde Julho, primeiro porque era férias, depois porque era campanha, depois porque foi eleições, depois porque foram os tempos da Constituição, depois porque foi o tempo de preparar programas e coligações alternativas, agora porque é o tempo do Presidente.
Não é por acaso que uma das ladainhas mais famosas em Portugal reza assim: “O tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo responde ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.”
Todo este tempo apenas nos serve para perder tempo, porque o tempo que está a passar não serve para mais nada a não ser para ser gasto.
Já toda a gente sabe que mais tarde ou mais cedo a solução política para o país está acertada, aliás, já estava antes de estar, porque os partidos já o tinham decidido e agora dizem que o acordo é mínimo porque não havia tempo para fazer um acordo como deve ser. Mas então se não havia tempo porque é que levou tanto tempo a disfarçar que se estava a negociar um acordo que, tal como está, já existia desde o dia das eleições?
E para que é que a Constituição prevê tanto tempo entre as eleições e a apresentação do programa de Governo, obrigando o país a empatar pelo menos mais um mês até que o Governo comece a governar?
E agora para que é que serve este tempo que já percebemos não vai ser curto, em que o Presidente – que já sabia muito bem o que ia fazer, lembram-se? – aparenta estar a ponderar uma decisão que no fundo já está tomada?
Enquanto o tempo passa e não passa, o Governo, que agora já não tem nada para fazer, aproveita o tempo para pôr o país a discutir um tema, a revisão constitucional, que não vai acontecer, é despropositada, mas já agora serve para passar o tempo a discutir.
Tudo somado já lá vão cinco meses, que noutro país qualquer teriam sido bem gastos a negociar acordos com pés e cabeça, como em todos os países já citados em que foi preciso negociar depois de eleições. Em Portugal, não foi isso que aconteceu, porque temos pressa e não houve tempo, fica para mais tarde. E entretanto o país, que vive de olhos postos no Estado, também vai andando à espera de perceber o que é que isto dá, entretanto vem o Natal e depois em Janeiro logo se conversa.