• D. António Couto
Bendito o dia em que outra vez rezamos,
E outra vez sempre de novo.
Rezar é voltar sempre ao princípio,
E recitar com mais amor cada uma das tuas maravilhas.
Assim,
Talvez a oração não tenha fim,
Porque é uma viagem dentro de mim,
Fora de mim,
Enunciando nomes, dores, alegrias, guerras, fomes,
Calcorreando montanhas, vales, avenidas,
Colhendo frutos no coração das árvores,
Partilhá-los com os passarinhos
Na toalha multicolor que estendeste sobre este chão dourado.
Rezar é saber bem
Que as coisas belas que vemos neste mundo são todas tuas,
E a mais ninguém pertencem.
E quem agora as tem na mão deve acariciá-las,
Partilhá-las,
Porque as tem apenas emprestadas.
Obrigado, Senhor,
Pelo céu e pelo chão,
Pelo vinho e pelo pão,
E por cada irmão que me deste.