Isabel Figueiredo
Há dias, momentos, pessoas
que tornam a Fé viva. Feita de carne e osso,
uma Fé que se toca, que chora lágrimas, provoca
sorrisos e gargalhadas.
Uma Fé que nos fala de como o pão amassado e cozido,
é capaz de ser sentido, mastigado e comido.
Uma Fé que nos traz o céu para dentro de casa,
que abre janelas por onde se respira,
que alisa caminhos de pedras soltas, com arestas vivas,
tornados suaves como a areia na praia, em amanheceres silenciosos.
Uma Fé que reconforta e tranquiliza,
mas não dá outras cores à vida, senão aquelas que ela é.
A Ana, uma Mãe com o coração trespassado
por uma espada de dor, é toda ela, esta Fé.
Que sustenta todos os que partilhamos esta dor,
a sentimos nossa, apesar de estar longe.
Nesta noite, silenciosa e recolhida,
Te peço, Maria, Mãe de coração trespassado junto à Cruz,
que lhe anuncies madrugadas e madrugadas de Ressurreição,
que embales as suas dores tão caladas, e que enchas de alegria,
de espanto e de vida, os dias que estão para chegar.
Até que o céu o queira levar. Pequenino Tomás, capaz de tanto.