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«Tenho chorado tantas lágrimas.»
São feitas de saudade, de mãos dadas, de sorrisos, de silêncios e de prantos. Tantas lágrimas. Umas vezes escondidas, outras nem tanto.
Como custa partir, entre o esforço de respirar e a dor que não conhece cura. E como custa deixar ir aqueles de quem gostamos.
Fazias jardins. Belos, cuidados e livres. Canteiros de flores que se deixavam dobrar pelo vento suave do início de cada primavera. Outras, resistentes, manchavam de cor todos os meses, porque bem o sabias, precisamos sempre de beleza.
Traçavas caminhos de areia grossa com bancos de pedra para nos sentarmos. Tocavas ao de leve nas folhas macias do velho laranjal. Passavas as mãos pelas sebes verdes, arbustos novos, pelos molhos de alfazema.
Fazias jardins de flores e de frutos. Jardins com hortas, com sebes altas de buxos antigos. Jardins com histórias, vidas contadas no teu jeito suave, uma voz alegre, um sorriso discreto.
Sei que agora cuidas de todos os jardins, sem horas marcadas, nem viagens, nem custos, nem falhas. Sei que estás tão mais feliz. Mas tenho chorado tantas lágrimas, tantas quantas a falta que me fazes.
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