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Sexta-feira, 05 de março de 2021

D. António Couto


Boa Noite - 05/03/2021


Habito aqui sobre este chão verde e fecundo,

Sob este céu azul de fundo.

A minha moradia

Deste dia

Chama-se perdão.

Situa-se na rua da Quaresma,

Número dezassete.

É uma moradia de um dia.

Amanhã, já daqui a pouco, mudar-me-ei para o número dezoito.

Por ser a moradia de um dia,

Não precisa de ser rica, pesada e asseada

De ouro ou de bronze.

É uma simples tenda pobre, leve e bela,

Sempre aberta a quem quiser entrar nela.

Não precisa de muro de proteção

Ou de guarda ou de fiscal.

O perdão não se rouba, empresta, compra ou vende.

Só de graça se recebe, só de graça se dá.

Só assim se entende.

A rua da Quaresma, onde agora habito,

Deve ser percorrida devagar,

Como quem passa o tempo a partilhar,

Rezar, perdoar.

Como quem tem o tempo e o modo de Deus,

Que dá o perdão,

Como dá o pão aos seus amigos,

Até durante o sono.

O modo resmungar, criticar, desconfiar, murmurar,

Não se dá aqui nesta rua e nesta tenda que Deus me deu para habitar.

Concede-me, Senhor,

Neste tempo medido da Quaresma,

A graça de te imitar a amar e a perdoar.

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