Em Novembro de 2017 tive as primeiras dores na minha perna direita. Dei uma pancada muito forte, só passado um tempo é que comecei a dar-lhe alguma importância.
Desde aí até Maio de 2019 andei em vários médicos, fiz muitos exames que indicavam que era um tumor benigno, fiz biopsia, fui operada e retiraram-me o perónio… No entanto, durante todo este tempo continuava com dores e continuamente a minha perna direita inchava. Em Abril de 2019, voltei a ir ao médico (já nem sei que vez é que era…) e confirmaram que o meu tumor benigno tinha voltado, desta vez nos tecidos moles – músculo, uma vez que já não tinha perónio.
Aí decidi começar a pesquisar sobre estes tipos de tumores e encontrei um médico especialista em Coimbra. Marquei consulta com ele, levei todos os exames que tinha feito, inclusive os que diagnosticavam o meu tumor benigno e diziam-me, agora, que era inconclusivo. Desde aí, tudo começou a ser muito rápido até ao meu diagnóstico. Fiquei internada, as dores eram cada vez mais, fiz uma TAC, uma angioTAC e uma biópsia. E foi aí. Na biópsia finalmente souberam o que eu tinha. Um osteossarcoma telangiectásico, tumor maligno. Ao contrário do que me tinham dito até então – que era um tumor benigno. Foi no dia 8 de Julho de 2019.
Aquele momento foi ter a certeza de uma coisa que eu já sabia mas desejava não saber. Ele olhou para mim, eu olhei para ele e ele disse que era maligno. E explicou-me o que ia acontecer a seguir. Já estava à espera deste resultado, ser um tumor maligno, mas queria a confirmação de que não era. Chorei muito… a minha colega de quarto ajudou-me. Quando os meus pais chegaram não chorei. E contei-lhes. E o médico conversou com todos. Foi assertivo e carinhoso comigo.
Dois dias depois estava a iniciar os tratamentos de quimioterapia. Só gostava que me tivessem informado sobre a opção de congelar óvulos. Devia de ser obrigatório. Não temos noção do que queremos e devemos ter a opção de futuramente decidir. Eu é que tenho que decidir. Viver nessa dúvida que vai dar ou não… é muito complicado. Só depois de já estar a fazer quimioterapia é que, em conversa com uma colega de quarto, fiquei alerta para essa situação. Falei com o médico e ele disse-me que era muito nova e que teria oportunidade no futuro.
Agradeço muito por ter passado pelo que passei, ajudou-me a crescer e muito. Agradeço muito por ter sido amputada, assim tive uma segunda oportunidade para viver e isso não tem preço. Foi a pior altura da minha vida, mas encontrei das melhores pessoas que posso ter comigo e tenho saudades dessa altura… é estranho, mas é verdade.
Marta Lamim, 19 anos