A chuva molhou-me os pés.
Já tinha esquecido a lentidão
das manhãs, quando ficamos parados,
presos em estradas cheias de barulhos e de luzes.
Já tinha esquecido a água que sacudimos dos cabelos,
dos sapatos, dos casacos tirados à pressa,
ainda guardados em armários fechados.
A chuva chegou, intensa, rápida, determinada.
Como que a dizer-nos que não mandamos nada.
A chuva, o sol, o vento que sopra quando quer,
fazem-me sentir daquele tamanho de criança,
que se sabe pequena.
Sinto-me assim, filha de colo, de olhos abertos
perante o mar e o céu, a chuva e o frio, o calor e o vento.
Foi só uma manhã de chuva.
Mas dei a volta ao mundo porque Te encontrei.
Porque tudo me fala de Ti, criador do céu e da terra,
capaz de soprar vida e vencer a morte.