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Tancos. João Paulino assume furto e implica Azeredo Lopes na farsa da recuperação

21 abr, 2020 • Lusa


O arguido diz que dois militares da GNR lhe garantiram que o então ministro da Defesa estava a par da encenação da recuperação do armamento.

O arguido João Paulino assumiu esta terça-feira ter participado no furto do armamento de Tancos e afirmou que dois militares da GNR lhe disseram que o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes estava implicado na encenação da recuperação das armas.

O advogado Melo Alves disse à Lusa que o seu cliente foi interrogado mais de cinco horas, no Tribunal de Monsanto (Lisboa), e que, perante o juiz de instrução assumiu ter estado envolvido no furto das armas e que Azeredo Lopes estaria implicado na encenação da recuperação do material.

Segundo o advogado, João Paulino disse que foram os arguidos Bruno Ataíde e Lima Santos, ambos militares da GNR de Loulé e arguidos no processo, que lhe tinham falado na implicação do ministro da Defesa na “farsa” da recuperação das armas na Chamusca.

Nesta parte da investigação, o arguido implicou também superiores da GNR “de quem não conhece os nomes” e da Polícia Judiciária Militar (PJM), “sabendo apenas que o diretor da investigação era Vasco Brazão [também arguido]”.

Segundo João Paulino, por diversas vezes, Bruno Ataíde e Lima Santos lhe sugeriram encontrarem-se com o diretor da Polícia Judiciária Militar [Luís Vieira, também arguido] e com Vasco Brazão, mas tal não aconteceu.

No seu interrogatório, Bruno Ataíde, acusado de contribuir para encenação da recuperação das armas, já tinha dito em tribunal que a encenação da recuperação teve a conivência de superiores hierárquicos, nomeadamente da GNR.

O debate instrutório do processo, que envolve 23 arguidos acusados de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência e abuso de poder, está marcado para 04 e 5 de maio, no Tribunal de Monsanto, apesar dos constrangimentos devido à pandemia de covid-19.

O caso do furto do armamento foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro do mesmo ano, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Nove dos arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre eles o antigo ministro da Defesa, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

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  • João Lopes
    22 abr, 2020 Viseu 09:56
    A verdade acaba sempre por vir ao de cima . O Ministro sabia, e o Primeiro Ministro não? E o Presidente da República, também não sabia? É uma vergonha! Tem de haver demissões e talvez prisões...