Maria Teresa Frazão
Esta noite, confio-Te, Senhor, o dom da dúvida.
Foi aquele desabafo da Marta, a propósito da morte do Vasco «tu tens sorte, porque tens fé….» que me fez olhá-la devagar, não dizer nada, demorar o silêncio.
E pensar que não era nada bom que eu dissesse a minha fé como uma fé sem dúvidas.
Ontem encontrei a Marta na pastelaria, disse-lhe que tinha ficado a pensar no que me dissera e que muitas vezes, tantas vezes a minha fé tem dúvidas
que as não quero afastar.
que procuro aceitá-las, percebê-las. De algum jeito conversar com elas.
Disse também à Marta que lhe agradecia aquele desabafo
E que percebi que seria melhor falar das dúvidas, dizer os vazios e as noites, as perguntas sem resposta aparente que na verdade me tornam mais igual, mais companheira de todos os homens e mulheres
E a certeza de que o caminho da dúvida é amiúde o encontro com a Fé.
Neste virar do dia, Te digo «Senhor, eu creio, mas aumenta a minha Fé.»