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O Mundo em Três Dimensões - CO2 Portugal e o Pentágono - 24/06/2019

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Se o Pentágono fosse um país, emitia mais CO2 do que Portugal

24 jun, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)


De acordo com o Global Carbon Atlas de 2017, só as operações do Departamento de Defesa dos Estados Unidos emitem, anualmente, 59 milhões de toneladas de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa. Mais do que as emissões de Portugal no espaço de um ano.

A importância dos países não se mede aos palmos, mas a poluição que emitem para a atmosfera estará, seguramente, relacionada com o espaço que ocupam no planeta e, mais ainda, com o peso geoestratégico.

Dados de 2017, divulgados pelo Atlas Global do Carbono, indicam que a China e os Estados Unidos são os dois maiores responsáveis mundiais pelas emissões de gases com efeito de estufa. Não é de admirar, são as duas maiores economias do planeta.

Dois países que, somados os números de habitantes, representam 1,7 mil milhões do total da população da Terra.

Claro que a esmagadora maioria destas pessoas vive na China, mas só os americanos representam mais de 32 vezes a população portuguesa.

Por falar em Portugal, o que mais chama a atenção nestes números do Atlas do Carbono é o peso da máquina de defesa dos Estados Unidos na comparação connosco. Se o Departamento de Defesa dos Estados Unidos fosse um país, emitia quase tantos gases com efeito de estufa como a Bielorrússia.

Para que tenha uma ideia, atualmente, o Atlas Global do Carbono situa este país do leste europeu na 55.º posição do ranking dos poluidores. A Bielorrússia tem 9,5 milhões de habitantes e emite 61 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, mais dois milhões de toneladas anuais do que o Pentágono.

Ainda assim, os 59 milhões de toneladas de dióxido de carbono e outros gases com efeitos de estufa emitidos pela defesa norte-americana superam as emissões anuais de países como a Suécia, a Noruega, a Finlândia, a Hungria e Portugal que, de acordo com os dados mais recentes, emite 57 milhões de toneladas de CO2.

Portugal é tido como o 57.º país mais poluente do mundo, mas, se o Departamento de Defesa dos Estados Unidos fosse um país, emitia mais gases com efeito de estufa do que todos os 10 milhões que vivem no nosso país.

Isto porque, apesar da redução significativa do consumo de combustíveis, a máquina de defesa norte-americana continua a ser a principal consumidora mundial de petróleo.

Em 2016, o Departamento de Defesa consumiu 86 milhões de barris de combustível para fins operacionais. Em 2017, os bombardeamentos na Líbia contra alvos do Estado Islâmico obrigaram 17 aeronaves da Força Aérea norte-americana a voar cerca de 20 mil quilómetros, o que representa um incrível gasto de combustível.

Quem paga é o meio ambiente, o ar que respiramos e o planeta, que aquece por causa das constantes emissões de gases nocivos.

Só há uma forma de inverter este cenário, que é cortar nas missões que exigem grandes quantidades de combustível.

Falta saber se tal será possível com uma administração que parece não dar grandes importância à temática do aquecimento global. E que não avança, mas também não exclui, uma nova intervenção militar face à crescente escalada de tensão com o Irão.

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