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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Tentar destituir Trump é um erro

07 jun, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Nunca qualquer presidente dos EUA foi destituído. E tentativas de destituição por vezes jogaram a favor do visado.

Robert Mueller declarou que o seu inquérito à possível colaboração de russos na derrota de Hillary Clinton e na eleição de Trump não lhe permitia considerar culpado o presidente, mas também não assegurava que ele fosse inocente. Claro que esta afirmação contrariou as declarações do próprio Trump de que se tinha provado a sua total inocência.

Entretanto, a Casa Branca deu instruções para que as pessoas ligadas à administração Trump não compareçam a dar explicações na Câmara dos Representantes, apesar de chamadas a depor.

Por isso, no partido democrático americano sucederam-se os apelos à instauração de um processo de destituição ao presidente. Mas a líder da maioria democrática na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, tem-se multiplicado em declarações contrárias a desencadear um processo de “impeachment” contra Trump.

A experiência desta política de 79 anos diz-lhe ser um erro avançar com um processo para destituir Trump. A palavra final num processo desses cabe ao Senado, onde o partido republicano tem maioria.

A história política americana confirma a posição de N. Pelosi. Apenas dois presidentes americanos enfrentaram um processo de “impeachment” – Andrew Johnson em 1867 e Bill Clinton mais recentemente, em 1998. Em ambos os casos o Senado impediu a destituição. Nixon saiu pelo seu pé, embora empurrado pelo escândalo do Watergate.

No caso de Clinton, a tentativa de “impeachment” teve mesmo efeitos políticos contraproducentes. Essa tentativa levou, na opinião pública dos EUA, a uma onda de simpatia por Clinton, que então subiu nas sondagens.

Nancy Pelosi diz que Trump gostaria imenso de ter contra ele um processo de destituição, pois ele aprecia essas lutas, capazes de mobilizar os seus apoiantes, no Congresso e sobretudo na opinião pública. Ou seja, para Pelosi, o “impeachment” teria efeitos contrários aos pretendidos pelo partido democrático.

Mas receia-se que a ala esquerda deste partido caia na armadilha.

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