03 mai, 2019
Quando acabou a guerra fria, há trinta anos, parecia que iria desaparecer um dos temas mais atrativos da literatura policial: a espionagem. O célebre John Le Carré escreveu novos livros depois da queda do muro de Berlim, mas boa parte deles ainda vive das consequências de casos do passado.
Só que a espionagem regressou em força. Esta semana um antigo agente da CIA confessou em tribunal, nos EUA, ter espiado para a China nos últimos dez anos. Por exemplo, passou para os serviços secretos chineses informações pormenorizadas sobre a rede de informadores da CIA em território chinês. Este é o terceiro caso, num ano, de um agente ou ex-agente dos serviços secretos americanos que se passa para o adversário, a China.
O motivo da traição é o dinheiro que os chineses pagam. Nisto há uma diferença em relação a muitos traidores ocidentais que espiavam para a União Soviética por motivações ideológicas: acreditavam que o comunismo soviético era um regime melhor do que a democracia capitalista. O caso mais célebre foi o de Kim Philby, um alto dirigente dos serviços secretos ingleses que durante largos anos espiou para a União Soviética.
Philby e quatro outros agentes duplos haviam sido recrutados pelos soviéticos nos anos 30, quando frequentavam a universidade de Cambridge. Nessa altura o comunismo atraía numerosos intelectuais no Ocidente. Kim Philby fugiu para a URSS em 1983, onde morreu 25 anos depois.
Outra novidade na espionagem atual é a informática. A Rússia terá interferido em várias eleições ocidentais, incluindo a de Trump, através de interferências e falsas notícias na internet.
Mas é a China o país que hoje suscita mais preocupações. Vejam-se as reservas e os receios em relação à Huawei, um gigante informático chinês cujos equipamentos tecnologicamente muito avançados alguns dizem poderem ser veículos de transmissão oculta de informações secretas para a China. Nada está provado, mas recomenda-se vigilância.