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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Eleições na Ucrânia

16 abr, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O provável vencedor das eleições ucranianas é um ator, que não fala de política. A Ucrânia está ainda longe de ter uma democracia consolidada.

No próximo domingo, a Ucrânia elegerá provavelmente para a presidência da República um ator, Vladimir Zelensky. A curiosidade não fica por aí: Zelensky interpretou numa série da televisão ucraniana o papel de um professor que chega a Presidente da República… Agora, não é a ficção que imita a vida, mas o inverso: a vida imita a ficção.

Na primeira volta, Zelensky teve mais do dobro dos votos de Poroshenko, o atual presidente e seu adversário na segunda volta. Mas a campanha eleitoral deste ator tem sido especial: ele não fala de política, não faz comícios nem comparece em debates. Zelensky percorre o país, apresentando espetáculos que têm muito público e nos quais faz algumas críticas irónicas a Poroshenko.

Não é, propriamente, o que se esperaria de umas eleições democráticas. Zelensky não informa os ucranianos sobre os seus projetos de futuro presidente, se é que os tem. Há um ponto positivo: a campanha tem sido invulgarmente pacífica.

Mas é mais um sinal de que a Ucrânia está ainda longe de ter uma democracia consolidada. Há uma gigantesca corrupção, quem manda são os oligarcas, empresários ou ex-empresários muito ricos que controlam o poder político e militar. Poroshenko foi um desses oligarcas. O Estado de direito é débil na Ucrânia.

A economia também não corre bem. Daí que ainda não tenha parado a enorme saída de emigrantes para o estrangeiro. Por exemplo, em 2013 havia 220 mil ucranianos na Polónia, país vizinho, agora estão lá um milhão e meio.

A Rússia continua a procurar desestabilizar a Ucrânia. A Crimeia foi ocupada pelos russos, que além disso interferem no Leste da Ucrânia. Aí prossegue uma guerra de baixa intensidade, que dura há seis anos. Mas a maioria dos ucranianos quer ligar-se ao Ocidente, à NATO, à UE… O que levará o seu tempo.

Portugal recebeu muitos ucranianos na transição do séc. XX para o séc. XXI. De um modo geral, deixaram uma boa impressão e alguns até ficaram por cá. Infelizmente, o seu país, a Ucrânia, não conseguiu entretanto melhorar.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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