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A idade da reforma

12 abr, 2019 • Opinião de Luís Cabral • Opinião de Luís Cabral


As pessoas dizem que as reformas são "o meu dinheiro, o dinheiro que descontei ao longo da vida", mas isso não é bem assim.

Recentemente, a imprensa noticiou que "a OCDE defende que a idade da reforma antecipada em Portugal, de 60 anos, é muito baixa”. De uma forma mais geral, vários observadores defendem que a idade da reforma - antecipada ou não antecipada - é muito baixa.

Com o aumento da esperança de vida, e dado o estado lastimável das finanças da segurança social, faz sentido aumentar a idade da reforma.

O problem está no processo para lá chegar. Se aumentamos a idade para as pessoas do grupo A, então essas pessoas queixam-se - e com alguma razão - que é injusto que se mude para eles e não para as pessoas do grupo B.

Estes problemas de justiça resultam da forma deficiente do sistema: o valor das reformas tem muito pouco a ver com os valores descontados ao longo da carreira profissional. As pessoas dizem que as reformas são "o meu dinheiro, o dinheiro que descontei ao longo da vida", mas isso não é bem assim.

Já que todos pensamos desta forma ("é o meu dinheiro"), embora o sistema não seja esse, porque não mudar o sistema para que, efectivamente, corresponda a contas individuais, e mais, um sistema tal que o valor da reforma corresponda efectivamente aos valores descontados? Se assim fosse, o problema da justiça da idade da reforma deixaria de ser um problema: algumas pessoas prefeririam reformar-se mais cedo com uma reforma menor, outras mais tarde com uma reforma maior.

Aliás, uma vantagem adicional deste sistema de contas individuais seria permitir esta flexibilidade: nem todos têm as mesmas preferências no que respeita ao balanço entre tempo livre e dinheiro.

Comentários
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  • João Lopes
    15 abr, 2019 09:12
    Artigo interessante.
  • Cidadao
    12 abr, 2019 Lisboa 10:43
    Concordo, até porque conheço muito boa gente que olha com inveja para a reforma do vizinho, mas esquece-se convenientemente que o vizinho descontou pelo valor certo, enquanto que quem refila que tem reforma baixa, descontou sempre pelo mínimo, e agora quer o "máximo" de reforma.