05 abr, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
O telemóvel passou de bem tendencialmente duradouro a bem descartável, no máximo a 2 ou 3 anos. Porque a tecnologia não para de evoluir e a nossa vida toda está a distância de uma dedada sobre uma qualquer aplicação.
Agora, o quê que acontece aos telemóveis que inutilizamos? E, mais importante, o que acontece às baterias? Sim, aqueles 10 gramas de retângulo de 3 mil miliamperes por hora (mAh), sem os quais o seu telefone simplesmente não existe para o mundo.
Pode, por vezes, ficar a pensar que um telemóvel é mais caro do que aquilo que vale. Só que, na verdade, estamos a falar de uma máquina que pode não ser apenas e só o último grito da tecnologia.
Ainda que minúsculo, um telemóvel é um deposito de metais preciosos: ouro, prata, bronze, platina. Está tudo lá.
Mas esqueça. Acreditar que fica rico só porque tem meia dúzia de smartphones no fundo de uma gaveta não é lá muito boa ideia.
É mais provável que lhe saia o Euromilhões e, mesmo assim, é menos impossível ser atingido por um relâmpago ou ser atacado por um tubarão, do que chegar ao primeiro prémio com uma só aposta. São tantas as combinações que a probabilidade de ter a sorte grande, assim logo à primeira, é de apenas 0,0000007%.
O mesmo acontece com as baterias dos telemóveis. Não conte com elas para ficar rico, porque os vestígios de metal valioso são residuais.
Agora, se foram uns milhares de toneladas de baterias, aí já dá para fabricar as medalhas dos jogos olímpicos de 2020, em Tóquio. As de bronze já estão garantidas, as de prata estão quase. As de ouro, vamos mais devagar
O Japão fez uma megacampanha de recolha de baterias. Cinco milhões de smartphones obsoletos sem uso e conseguiu 48 mil toneladas de lixo das quais foram aproveitados, 2.700 quilos de bronze, 4.100 quilos de prata e apenas 30 quilos de ouro.
Estamos a falar de um país cujos recursos naturais não são propriamente expressivos, mas que é líder em inovação e em consumo tecnológico.
De acordo com um relatório do Nikkei - que é o principal índice da Bolsa de Valores de Tóquio - as quantidades de ouro e prata encontradas nos dispositivos eletrónicos do país - equivalem a qualquer coisa entre os 16 e os 22% do total das reservas mundiais.
Dito isto, se uma bateria de telemóvel pesa 9,6 gramas e se uma medalha de ouro pesa 400, é como se um campeão olímpico tivesse de usar pelo menos 41,6 baterias de telemóvel ao pescoço. Era capaz de pesar um bocadinho mais, mas valia a mesma coisa.
Agora, o que eu não sabia era que a medalha dos campeões olímpicos, é na verdade, mais de prata e de cobre do que de ouro. Se decompusermos os 400 gramas da rodela dourada, apenas seis gramas são ouro puro. 370 gramas são de prata, 24 gramas são de cobre.
Pode soar a fraude, mas se uma medalha de campeão fosse toda em ouro, 400 gramas de rodela custariam 11.250 euros.