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O Mundo em Três Dimensões - Dia das mentiras - 01/04/2019

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Mentimos até três vezes numa conversa de dez minutos

01 abr, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)


Hoje é dia 1 de abril, o famoso dia dos enganos. Recordamos dois estudos que concluem que mentimos até três vezes numa conversação de dez minutos.

Existem 3 tipos de mentiras: as mentiras, as mentiras deslavadas e as estatísticas. A frase é de Benjamin Disraeli, primeiro Conde de Beaconsfield.

Dito assim, pode não lhe dizer muito. Só que, na verdade, este escritor britânico, que escreveu 15 romances e deixou um inacabado, foi também primeiro-ministro do Reino Unido e teve um papel decisivo na criação do Partido Conservador.

Por sinal, o partido da primeira-ministra Theresa May e do antigo primeiro-ministro Cameron que, ao promover o referendo do Brexit, atirou a Europa e o Reino Unido para um processo com desfecho imprevisível. Um processo que, de acordo com muitos analistas, foi desencadeado com uma consulta popular assente em muitas inverdades.

Vem isto a propósito do dia dos enganos: 1 de abril. Manda a tradição que no nonagésimo primeiro dia do ano (ou nonagésimo segundo, se for ano bissexto) se liberte um ou outro boato, uma ou outra brincadeira sem importância.

A brincadeira surgiu em França, durante o reinado de Carlos IX. Até 1564, o Ano Novo comemorava-se a 25 de março, com a chegada da primavera. Era festa rija, durava uma semana até 1 de abril.

Até que o rei francês decidiu adotar o calendário gregoriano e trocou as voltas todas ao calendário. O povo não gostou e houve quem ridicularizasse a decisão real com brincadeiras inofensivas, mentirinhas sem importância.

Da França, o conceito chegou ao Reino Unido e tornou-se global. A tal ponto que, se hoje pegar num jornal, mais vale estar atento ou atenta. Não vá esbarrar com uma notícia improvável e difundi-la em poucos segundos. É um conselho importante, numa altura em que tanto se fala de fake news.

Dito isto, a mentira é algo que faz parte do nosso dia-a-dia. É algo inevitável.

E o que lhe vou dizer é verdade. Ou, pelo menos, é a verdade a que chegaram dois estudos, um realizado por investigadores da universidade de Southampton, no Reino Unido, e outro na universidade norte-americana do Massachusetts.

Cruzando as conclusões de ambos, conclui-se que, em dez minutos de conversa, dizemos – em média – entre uma e três mentiras, às quais devemos acrescentar omissões e exageros. Lá diz o povo que ‘quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto.’ E como ‘cesteiro que faz um cesto, faz um cento’, mentimos uma e outra e outra vez. Porque simplesmente não somos capazes de dizer toda a verdade.

Mas mentir é feio e lá porque os outros mentem, isso não justifica as nossas faltas à verdade. Mas nem sempre enganamos os outros por egoísmo, às vezes é uma tentativa de fuga à realidade ou às responsabilidades que nos atormentam.

Mas ‘mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo’, por isso, se for para mentir, que seja a brincar. Sem prejudicar ninguém.

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