28 mar, 2019
Já passaram mais de dois anos desde que o Presidente da China, Xi Jinping, surpreendeu, em Davos, a nata mundial da política e das empresas ao defender o comércio internacional e o multilateralismo. Tornou-se depois claro que as palavras de Xi eram, sobretudo, uma oposição ao protecionismo de Trump.
Embora esteja a virar gradualmente a sua economia para a procura interna, a China precisa de exportar muito ainda durante longos anos. E também tem de combater a poluição das suas principais cidades, pelo que Pequim discorda da saída dos EUA do acordo de Paris.
O problema com a China é a ambiguidade das suas empresas, incluindo das privadas – que a lei chinesa obriga a colaborar com o poder político, isto é, com o partido comunista chinês. Nunca se sabe ao certo se o objetivo dos chineses é meramente empresarial ou se é também político.
A China é alvo de outras acusações, como a de procurar tecnologia no estrangeiro sem olhar a meios e a de proteger direta e indiretamente as empresas chinesas – o que é sentido como concorrência desleal pelas empresas estrangeiras instaladas em solo chinês.
Há duas semanas a Comissão Europeia publicou um documento que recomenda cuidado nas relações económicas com a China e propõe uma frente unida dos países da UE face a Pequim.
A Itália quebrou há dias essa unidade, ao aderir á nova “rota da seda”, um ambicioso projeto de infraestruturas desde a China até à Europa. Suspeita-se que essa iniciativa chinesa visa expandir a influência de Pequim; mas a nova “rota da seda” também oferece interessantes oportunidades de negócio.
Por exemplo, o governo português tem insistido, e bem, na inclusão na “rota da seda” de um braço atlântico, envolvendo o porto de Sines e as vantagens dele, desde que se concretizou o alargamento do canal do Panamá.
Na terça-feira passada, o Presidente Macron recebeu no Eliseu o presidente chinês, vindo de Itália. Mas não foi uma reunião bilateral: ao lado de Macron estavam Merkel e Juncker, o que deu uma dimensão europeia à reunião.
Xi Jinping, como é hábito, não se comprometeu com coisa alguma em concreto, mas em Paris ouviu as queixas europeias, que não lhe terão sido apresentadas pelo governo italiano. Já é um pequeno, mas significativo, passo. E mostra que Macron não desistiu de lutar pela integração europeia.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus