20 mar, 2019
Logo a seguir ao massacre de muçulmanos em duas mesquitas da Nova Zelândia, o presidente da Turquia Erdogan classificou esse crime de “terrorismo cristão”. E tem vindo a exibir, em comícios, as imagens do massacre, que o próprio assassino registou. Insiste Erdogan que a grande ameaça ao seu país é, a par dos curdos, a alegada guerra global contra os muçulmanos.
Em boa parte, afirmações tontas deste género têm a ver com as eleições locais que se realizam no próximo dia 31. A Turquia está em recessão económica e Erdogan receia um resultado eleitoral desfavorável. Mas, além disso, Erdogan quer inserir a Turquia no “pelotão da frente” do mundo islâmico, uma vez afastada a possibilidade de vir a integrar a UE.
Depois de uma década durante a qual Erdogan foi um primeiro-ministro moderado, até no seu islamismo, bem como respeitador das normas democráticas, ele alcançou o seu grande objetivo – tornar-se Presidente da Turquia, com poderes reforçados. Hoje não pode classificar-se de democrático aquele país, que ostenta o “record” mundial de jornalistas presos.
A deriva autoritária e anti-liberal de Erdogan foi acompanhada de uma influência crescente do Islão na vida pública turca. Ao derrotar politicamente os militares, grandes defensores do Estado laico imposto pelo fundador Ataturk, o atual presidente turco abriu as portas à islamização do país.
A Turquia é membro da NATO e tem as forças armadas mais importantes da Aliança, depois das americanas. Mas a Turquia vai comprar meios de defesa anti-míssil à Rússia. E Erdogan mantem relações cordiais com Putin, que prossegue o seu trabalho de dividir os ocidentais.
O mundo, de facto, está perigoso.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus