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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Macron e a segurança europeia

07 mar, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O Presidente francês está de volta às questões europeias. Desta vez destaca-se uma cultura comum europeia sobre temas de segurança.

O Presidente francês Emmanuel Macron está a recuperar terreno, depois da crise dos coletes amarelos. Por isso voltou a falar da integração europeia, após meses de silêncio.

No princípio do seu mandato Macron avançou com várias ideias para o futuro da UE, incluindo completar a reforma da zona euro. A receção a várias dessas ideias – nomeadamente sobre a arquitetura da moeda única – foi algo fria da parte da Alemanha. Talvez por isso, agora Macron não se referiu às reformas do euro.

Desta vez Macron defendeu uma reorganização da defesa e dos serviços secretos (“inteligence”) na UE. E partiu de uma evidência: perante o retraimento dos Estados Unidos, a agressividade da Rússia e a expansão da China, os europeus não têm outra opção que não seja unirem forças, se quiserem ser independentes no futuro.

Macron não repetiu a proposta de um exército europeu (que deve ter percebido ser inviável, pelo menos nos tempos mais próximos), mas acrescentou à defesa militar a segurança, isto é, maior cooperação entre os serviços secretos. Propôs um Conselho Europeu de Segurança, do qual deveria fazer parte também o Reino Unido, apesar do Brexit, “para preparar as nossas decisões coletivas”.

O que implicaria um novo tratado, determinando a subida das despesas militares de cada país membro e uma cláusula de “mútua defesa verdadeiramente operacional” - recordem-se as dúvidas de Trump sobre o art.º 5º do tratado da Nato, segundo o qual o ataque a um país da Aliança Atlântica é considerado um ataque a todos os outros países membros.

As opiniões do Presidente Macron sobre a segurança foram sobretudo explicadas num discurso, há dias, na inauguração do “Collège de l’Intelligence d’Europe”, uma entidade que Macron propôs criar no seu célebre discurso na Sorbonne em fevereiro de 2017. Todos os países da UE, e ainda a Suíça e a Noruega apoiam o projeto e participaram na inauguração.

O Reino Unido fará parte dele, em princípio, mesmo depois de sair da UE. Também apoiam as ideias de Macron sobre a segurança europeia 66 serviços secretos europeus, que enviaram a Paris altos representantes para escutar o Presidente francês. Parece enraizada a ideia de que é indispensável uma cultura comum europeia sobre temas de segurança, para dar uma resposta coordenada às ameaças, nomeadamente à ameaça terrorista.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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  • Severino
    07 mar, 2019 lisboa 11:47
    A EU não tem conhecimento suficiente para evitar ataques e outra questões sem a colaboração dos serviços secretos dos EUA e Inglaterra.A EU tem afrontado EUA e Reino Unido e quer colo???!!!!!!!Macron com a decadência da França e a sua colagem á Alemanha está cada vez mais em maus lençois.Ter deixado fazer a implememntaçao das hiper austeridades em vários Países tb não ajudou.Estadistas que se imponham na EU não existem e todos cedem aos alemaes.Esta circunstancia vai criando resistências e fará implodir a EU?