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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​O antissemitismo de volta

20 fev, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Multiplicam-se os indícios de um regresso à Europa do antissemitismo mais primário.

Afinal, o antissemitismo não é um lamentável sentimento do passado. Nos anos recentes o ódio ao judeu reapareceu na Europa e também, em menor grau, nos EUA.

Esta semana sete deputados abandonaram o britânico partido trabalhista. Um dos alegados motivos para tal saída foi o antissemitismo cultivado pelo líder do partido, Corbyn, e alguns trabalhistas dele próximos.

Na Alemanha, no séc. XX, ocorreu o holocausto, o extermínio de milhões de judeus transportados para a morte como animais em milhares de comboios, prejudicando o esforço de guerra do país – pode aqui falar-se da irracionalidade do mal. Pois começam a ver-se palavra e gestos – sobretudo no Leste da Alemanha – que lembram esse tenebroso passado.

E no passado sábado, na manifestação semanal dos “coletes amarelos”, em França, o intelectual Alain Finkielkraut (que inicialmente até apoiara esse movimento) foi selvaticamente insultado, na rua, por ser judeu. Como se a França não tivesse passado pelo doloroso caso Dreyfus há pouco mais de um século – um militar judeu que foi falsamente acusado e condenado por alegada traição à pátria, tendo-se muita gente oposto à revisão do seu caso, que por isso demorou anos a acontecer e a reconhecer a inocência de Dreyfus.

O movimento dos coletes amarelos não é homogéneo nem orgânico. Acolhe reivindicações frequentemente contraditórias. É um populismo multifacetado, sem líderes claros, ideal para que nele se infiltrem franjas extremistas, de direita e de esquerda.

O ataque a A. Finkielkraut foi naturalmente condenado por inúmeros franceses, incluindo alguns coletes amarelos. Mas há infelizmente muitos mais casos de antissemitismo em França, desde profanações de campas em cemitérios até assassinatos, passando por agressões e ameaças. Os atos contra judeus subiram em França 74% no ano passado.

No “site” do BPN-Paribas (um importante banco francês) lê-se que os Rothschild, uma antiga família judia de banqueiros, controlam todos os bancos do mundo e mesmo o Vaticano, Meca e Jerusalém! Esta absurda teoria da conspiração era um género muito usado pelos antissemitas do passado. É perturbante que óbvias falsidades destas sejam acolhidas em países desenvolvidos no século XXI.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
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  • Fernando de Almeida
    22 fev, 2019 Porto 02:51
    Dr Sarsefield Cabral : Infelizmente continua-se a confundir semitismo com sionismo.Por via dessa confusão, hoje, os semitas acabam por pagar as favas pela postura dos sionistas.que até lhes sabem captar o dinheiro e não so'. Por mim que respeito os semitas acredito que so' um partido laico, em Israel, podera' contribuir para por fim ao sofrimento de quem é ou quer ser semita.O que seria dos italianos ou dos israelitas se os catolicos resolvessem ocupar Roma ou jerusalem e os mulçumanos Meca manipulando a HISTORIA? Uma coisa é certa: religiões são foco de permanente instabilidade .E' a minha modesta opinião, vale o que vale.Cumprimentos