19 fev, 2019
É manifesta a intenção de Trump de dividir os europeus. O vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado Mike Pompeo acarinham e louvam as “democracias iliberais” da Hungria e da Polónia. E foi em território polaco que se realizou na semana passada uma grande conferência internacional, cujo objetivo era convencer países europeus a abandonarem o acordo nuclear com o Irão, que os EUA rasgaram.
Ao que parece, esse objetivo não foi alcançado. E a seguir, na conferência de Munique sobre defesa e segurança, foram bem mais notórias as divisões entre americanos, Republicanos e Democráticos, do que entre delegações europeias.
Surge agora a ameaça de Trump de libertar mais de 800 “jihadistas” oriundos da Europa e capturados pelo exército americano, caso os países europeus não se encarreguem de repatriar esses radicais e de os julgar. Ora esta exigência de Trump, por uma vez, faz sentido.
Até agora, só a França manifestou a intenção de repatriar cerca de 130 nacionais que lutaram pelo “Estado Islâmico”. A situação atual, com aquele “Estado” reduzido a um último e pequeno reduto, era perfeitamente previsível. No entanto, os países europeus com mais combatentes pelo radicalismo islâmico não apenas não se coordenaram para uma resposta conjunta ao regresso desses radicais como não parecem ter respostas credíveis a nível nacional.
Compreende-se que as populações dos países europeus receiem o regresso desses combatentes. E é verdade que a prisão destes coloca vários problemas, como a conveniência não os juntar nos mesmos locais, para evitar novos atentados. Mas a alternativa de Trump – libertá-los –, a concretizar-se, seria bem mais perigosa para os europeus.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus