Emissão Renascença | Ouvir Online
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

opinião

Lidar com o extremismo

21 jan, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A direita democrática europeia oscila entre isolar a direita antidemocrática, roubar-lhe causas ou, ainda, solicitar-lhe apoio para governar.

“Cada vez mais governos estão a tornar-se dependentes de partidos com uma agenda antidemocrática”. A afirmação é do líder do partido social-democrata da Suécia, Stefan Loven, que conseguiu formar um governo de coligação após quatro meses de negociações e quando já se anteviam novas eleições.

A Suécia é um dos países da Europa do Norte onde tem subido o populismo das forças de extrema-direita, contrárias à imigração e à UE. Loven formou governo sem o apoio da extrema-direita. Um passo positivo, embora o executivo chefiado por Loven não pareça sólido. No parlamento sueco, o novo primeiro-ministro teve menos votos favoráveis do que contra - mas como os votos contrários não chegaram absoluta à maioria dos deputados, a constituição sueca permite que Loven seja primeiro-ministro.

Na Europa, a primeira atitude da direita democrática foi recusar qualquer apoio da extrema-direita. O pai Le Pen foi marginalizado durante décadas pela direita democrática francesa. Mas quando Sarkozy foi presidente de França a estratégia foi outra: ele adoptou, com ligeiras diferenças, posições próximas das assumidas pela Frente Nacional, agora dirigida por Martine Le Pen. A nova estratégia não resultou. Com os problemas de Macron e a revolta dos “coletes amarelos”, o partido de M. Le Pen está de novo à frente nas sondagens.

Em Espanha, nas eleições regionais da Andaluzia, o PSOE perdeu a maioria absoluta que detinha há quarenta anos. O Partido Popular (PP) e o Cidadãos coligaram-se para governarem aquela região autónoma. Mas só têm maioria no parlamento regional com o apoio de um partido de extrema-direita, o Vox, que não fará parte do executivo.

É uma solução perigosa, até porque o PP encara a possibilidade de a repetir noutras autonomias de Espanha. O próprio PP, agora presidido por Pablo Casado, virou um pouco mais à direita e está empenhado em alianças com o Vox. Em Espanha ainda existe um número apreciável de saudosos do franquismo, que se manifestam publicamente com frequência.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • José Cruz Pinto
    21 jan, 2019 Ílhavo 08:29
    Sim, senhor. Faço questão de elogiar a sensatez e oportunidade de Francisco Sarsfield Cabral. Não é homem de esquerda, mas mostra saber do que fala, e não vai na conversa dos "democratas tontos de direita" da nossa praça, que acham que extremistas como "Mários Machados" e similares devem (na sociedade e nos órgãos de informação) ter total liberdade, ... até nós todos perdermos a que ainda temos. É assim que, ao esquecerem-se do que por pelo menos duas vezes já aconteceu e está agora em curso na Europa, e ainda há pouco nos EUA, surgem e surgirão ainda mais "Bolsonaros" (no Brasil e noutros lugares), sempre com as mesmas ideias QUADRADAS e CRIMINOSAS, envolvam ou não sangue - como a novidade (?) de passar a condicionar a atribuição de bolsas de estudo a requisitos ideológicos! E justificar tudo isto com uns outros idiotas - "Maduros" e quejandos - é ainda mais QUADRADO.