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O Mundo em Três Dimensões - Carro elétrico Ora - 21/01/2019

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Ora é chinês, custa 7.600 euros e dá 100 à hora

21 jan, 2019 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)


Chama-se Ora e é o carro chinês que quer revolucionar o mercado dos veículos elétricos. Não anda muito, nem muito rápido, mas o melhor mesmo é o preço: 7 mil e 600 euros. É a mobilidade do futuro "low cost".

Ora é o nome do modelo elétrico desenvolvido pela Great Wall Motors, um construtor automóvel cujo nome é a tradução à letra da Grande Muralha da China com quase 22 mil quilómetros de extensão.

Se 312 quilómetros de autonomia e velocidade máxima de 100 à hora parece pouco apelativo, já o preço pode ser um estímulo para quem está convencido de que um carro elétrico é demasiado caro, mas até gostava de ter um.

Ora, o preço base é 7.600 euros. E porquê tão pouco? É aí que entram os incentivos governamentais num país conhecido pela má qualidade do ar. Tão má que só há um ano é que a cidade de Pequim, uma das mais poluídas do mundo, conseguiu ter um mês de janeiro sem qualquer dia com alto nível de poluição. Foi a primeira vez que tal aconteceu desde 2013.

A concentração média de partículas PM 2.5 - que são as mais finas e que mais facilmente se infiltram nos pulmões - fixou-se em 34 microgramas por metro cúbico em janeiro do ano passado.

Nos anos anteriores, a concentração chegou a ultrapassar os 500 microgramas por metro cúbico, o que levou a uma redução e, em alguns casos até, à proibição dos automóveis dentro das cidades, sobretudo as mais próximas da capital.

Ora, como é que a China evoluiu tanto em tão pouco tempo? A resposta está na substituição progressiva do carvão pelo gás natural nos sistemas de aquecimento central e na indústria.

E no futuro, tudo aponta para uma melhoria ainda mais significativa, porque o governo chinês pretende substituir os motores de combustão por motores elétricos. E o melhor incentivo é um preço amigo da carteira do consumidor, para um carro de 47 cavalos de potência, que dá um máximo de 100 quilómetros por hora. Nem era preciso tanto, tendo em conta o uso essencialmente citadino deste tipo de viatura.

Primeiro a China, depois o mundo. Os primeiros modelos deste elétrico de baixo custo chegam aos clientes nos próximos meses.

Se medirmos a ambição de um país em função do seu recurso mais importante, então poderemos dizer que os chineses são os mais ambiciosos do mundo. Têm 1,4 biliões de habitantes, logo 1,4 biliões de razões para serem líderes no mercado global.

Ora, o objetivo é colocar este 'Ora' no mercado global em pouco tempo. Com preços convidativos, de preferência. Porque, nós por cá, se quisermos comprar um veículo elétrico agora ficamos com a sensação de que são tão caros quanto pequenos.

Se em Portugal, os franceses e os japoneses ainda praticam preços que tornam a carteira mais leve, então que venham lá os chineses, que acumulam a experiência na poluição de larga escala com a candidatura à liderança incontestável na despoluição da mobilidade.

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