21 dez, 2018
Há quem diga que a música favorita de cada pessoa é a música que dava na rádio quando a pessoa em questão tinha 17 anos. Isto não pode ser verdade sempre: não conheço ninguém que seja vivo em 2018 e estivesse no liceu em 1800; e no entanto o Beethoven é o compositor favorito de muitos amantes da música. Seja como for, algo de verdade há na 'regularidade empírica' da história pessoal de cada ouvinte.
Afinal, é o poder das recordações e das associações que fazemos entre sons, cheiros e imagens: associações de sítios, de pessoas e de experiências.
Tudo isto vem a propósito de um vídeo que encontrei esta semana no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=S67XYlnmu2I) e que vem muito a propósito da época natalícia. Trata-se de "Betlehemian Rhapsody", um "remake" de uma famosa canção de 1975, "Bohemian Rhapsody", da banda Queen (concretamente, escrita por Freddie Mercury, que descanse em paz).
No sentido acima descrito, a "minha" música é a música dos anos 70; e dentro dessa década há poucos trechos que tenham tido tanto impacto quanto este. Dizem que "Bohemian Rhapsody" é das canções mais ouvidas de sempre. É também dos símbolos mais potentes do rock progressivo, um estilo desenvolvido nos anos 70 por bandas como os Genesis.
Tudo isto a propósito do vídeo do YouTube, que vale a pena ver e ouvir. É muito fiel à "sonoridade" do original. O conteúdo, no entanto, não poderia ser mais diferente: "Bohemian Rhapsody" é uma canção de desespero e fatalismo; "Bethlehemian Rhapsody" é uma história de esperança e amor.
A adaptação está tão bem feita que, para quem não conheça o original (https://www.youtube.com/watch?v=fJ9rUzIMcZQ), até parece que Bethlehemian Rhapsody é um original. Duvido que Freddie Mercury gostasse da ideia de utilizar a sua música para uma canção de Natal, mas também é verdade que a imitação é o melhor elogio que se pode fazer a um artista.