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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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O crescimento abranda

19 dez, 2018 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Continuamos a ter um crescimento económico anémico e em abrandamento. Por isso, todo o cuidado é pouco.

Nada que não se esperasse: o Banco de Portugal (BP) reviu em baixa o crescimento da economia portuguesa. Já para o corrente ano, a previsão do BP é de uma subida do PIB de 2,1%, contra 2,3% na previsão do governo e 2,8% no registo de 2017. Não é dramático, mas preocupa sobretudo o abrandamento estimado para os anos posteriores: 1,8% em 2019, 1,7% em 2020 e 1,6% em 2021.

O principal fator deste abrandamento é a prevista evolução das exportações de bens, setor onde a travagem no crescimento é mais nítida. E o BP não entrou ainda em conta com a greve no porto de Setúbal, que atrasou as exportações da Autoeuropa, nem com a atual greve das refinarias da Galp.

A economia portuguesa está hoje mais aberta ao exterior, o que é bom, mas o enquadramento externo não se mostra favorável, como se sabe. Por isso, são o consumo interno e a baixa do desemprego que ajudam a economia portuguesa a crescer, embora cada vez menos.

Dois dados positivos: a recuperação do investimento empresarial, que compensa em parte a quebra no investimento do Estado. Diz o BP que no final do horizonte da projeção, 2021, o investimento das empresas deverá ultrapassar o nível alcançado em 2008, antes de crise financeira global.

O outro facto positivo é que, entre 2018 e 2021, a produtividade vai finalmente explicar 15,2% do crescimento económico português – o que não acontecia desde 1999, há 22 anos. Comenta o jornal digital Eco: “Na base deste avanço, ainda que sujeito a confirmação e ainda modesto, deverão estar uma melhor afetação dos recursos na economia, numa altura em que os recursos foram dirigidos para setores mais expostos à concorrência e, por isso, mais sujeitos à inovação tecnológica. Também as reformas feitas nos últimos anos terão contribuído para esta evolução”.

Em resumo: continuamos a ter um crescimento económico anémico e em abrandamento. Por isso todo o cuidado é pouco.

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