14 dez, 2018 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Os governos não mandam nada, quem manda são as elites.
Dois em cada cinco portugueses acreditam que é assim que funciona. Ou seja, acreditam mesmo na existência dos 'Donos Disto Tudo'.
A Universidade de Cambridge conduziu uma investigação em oito europeus mais os Estados Unidos.
"Há grupos paralelos aos governos que controlam o mundo"? A esta pergunta, 42% dos portugueses respondem que sim.
E "apesar de vivermos em democracia, há sempre uma elite que toma as decisões importantes?" 66% dos portugueses dizem que sim.
O enraizamento deste tipo de teorias conspirativas é, de certa forma, o sintoma de um mal-estar nas nossas sociedades, e é motivado pela exclusão.
Desde logo, no plano politico, porque - de uma maneira geral - a perceção é de que os nossos eleitos não nos representam.
Quem nos dera sermos suecos. Descontado o frio do inverno nórdico - que tem só duas a três horas de luz por dia - a Suécia é um dos exemplos referenciais em matéria de democracia e igualdade social.
Na comparação com Portugal, a crença em teorias de conspiração é quatro vezes mais reduzida na Suécia.
No entanto, por paradoxal que pareça, mais de 20% dos suecos desconfiam que a imigração muçulmana faz parte de um plano secreto para tornar os muçulmanos a maioria da população do país.
E metade dos húngaros acusam o governo de esconder a verdade sobre quantos imigrantes realmente vivem no país... e isso ajuda a perceber algumas coisas.
Voltamos a Portugal e constatamos este dado curioso: se por um lado tendemos a acreditar em teses conspirativas, por outro lado estamos entre os menos permeáveis à desinformação que circula na internet, ao contrário do que acontece, por exemplo, no Reino Unido e na América.
Nem de propósito, em matéria de aquecimento global, "será que a responsabilidade humana é uma mentira inventada para enganar as pessoas?" Nos Estados Unidos, cerca de 20% dos inquiridos dizem que sim. É Donald Trump a marcar pontos.
Contudo, a média de respostas afirmativas registadas nos nove países situa-se nos 8%. Portugal está abaixo disso.