14 dez, 2018
Como se esperava, Mário Draghi confirmou ontem que no fim deste mês cessam as compras, pelo BCE, de títulos de dívida pública dos países da moeda única. Este programa, que durou quase quatro anos e foi uma preciosa ajuda para Portugal, revelou-se quase a única política anticíclica da zona euro.
As projeções macroeconómicas do BCE foram revistas em ligeira baixa. E Draghi não escondeu o agravamento das incertezas quanto à evolução da economia europeia. Incertezas ligadas, nomeadamente, ao Brexit, ao protecionismo comercial desencadeado por Trump, aos atuais problemas em países ditos emergentes, como o Brasil, etc.
Quanto às taxas de juro, que subiram nos EUA oito vezes desde 2015 (mas agora talvez as subidas abrandem), o BCE deverá mantê-las no atual nível baixíssimo onde se encontram desde março de 2016, pelo menos até o verão do próximo ano.
Claro que ficaríamos mais descansados se a reforma da zona euro tivesse avançado mais rapidamente. Mas creio exageradas as críticas, dirigidas a M. Centeno, sobretudo por membros do PSD, quanto aos pequenos passos dados na última e muita longa reunião do Eurogrupo.
Num artigo publicado ontem no “Negócios” e também em jornais da Alemanha, França, Itália e Espanha, Centeno afirmou que foi já, em certa medida, superada a divisão entre credores e devedores na zona euro; e que hoje se compreendem melhor os desafios comuns.
Centeno defendeu o método dos compromissos sobre reformas incrementais, ou seja, dos pequenos passos no processo de integração. É por aí que o presidente do Eurogrupo espera ir avançando em questões ainda em aberto, como o sistema europeu de garantia de depósitos bancários, a provisão de liquidez em resoluções bancárias e o orçamento da zona euro.
Entretanto, um encontro em Bruxelas, na quarta-feira, entre o presidente da Comissão Europeia, C. Juncker, e o primeiro-ministro de Itália, G. Conte, avançou significativamente no sentido de ultrapassar o diferendo sobre o défice orçamental italiano para 2019. Um diferendo que poderia causar graves danos ao futuro do euro. G. Conte avança agora com um défice de 2,04% do PIB, contra os 2,4% inicialmente previstos e que os governantes italianos afirmavam, até há poucas semanas, ser intocável.
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