12 nov, 2018
As previsões económicas de outono divulgadas na semana passada pela Comissão Europeia apontam para um abrandamento do crescimento económico na UE, “num clima de grande incerteza”. Ninguém sabe como irá acabar o conflito do governo italiano com a Comissão Europeia, em torno do orçamento de Estado da Itália para 2019, como não se sabe se teremos um Brexit com ou sem acordo de transição.
O protecionismo de Trump continuará, para já, a criar problemas às empresas europeias que querem negociar com o Irão. O presidente americano poderá voltar-se contra a UE, que ele já uma vez classificou de “inimiga”. E os partidos eurocéticos e populistas organizam-se para apresentarem uma frente anti-imigração nas eleições de maio para o Parlamento Europeu.
Até agora, a Espanha, bem como Portugal, pareciam imunes a essa onda anti-imigração. Entre 2000 e 2010 os residentes estrangeiros em Espanha aumentaram 5 milhões. Mas uma boa parte deles vinha da América latina, falando espanhol e com uma cultura que permitia uma integração relativamente fácil na cultura espanhola.
Agora, porém, as circunstâncias são outras. No ano passado aconteceu em Barcelona um selvático ataque terrorista. E com a Itália a recusar receber gente que vem de África atravessando o Mediterrâneo, o Sul de Espanha passou a ser a zona de entrada preferida por esses migrantes. O diretor da Agência Europeia de Fronteiras e Guarda Costeira (Frontex) teme que Espanha se converta na nova rota principal para os imigrantes que tentam chegar à Europa a partir de África. E persiste o problema do independentismo da Catalunha (melhor: de parte dela), o que, como resposta, estimula o nacionalismo espanhol.
Daí que tenha começado a aparecer no espaço público de Espanha um partido fundado há quatro anos, chamado Vox, mas até agora pouco conhecido. A ideologia do Vox é contrária à entrada de imigrantes em território espanhol, sobretudo se forem muçulmanos. Mas não só: o novo partido também se diz antifeminista, pretendendo revogar a lei que criminaliza a violência doméstica. E quer ilegalizar os partidos independentistas, que existem nomeadamente na Catalunha e no País Basco.
Para já, e à semelhança do que já aconteceu, por exemplo, em França, a visibilidade do Vox levou o Partido Popular (PP), sob a nova liderança de Pablo Casado, a aproximar-se de algumas posições extremistas do Vox. É certo que o peso político do PP caiu muito; mas veremos se a influência do Vox fica por aqui. E se não atravessa a fronteira com Portugal.
Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus