Emissão Renascença | Ouvir Online
Luís Cabral
Opinião de Luís Cabral
A+ / A-

​Genesis

26 out, 2018 • Opinião de Luís Cabral


Há cerca de 20 anos, criei uma página na net dedicada à minha banda de música favorita: os Genesis.

Concretamente, dedicada ao que chamo "os verdadeiros Genesis" (a formação que se manteve entre 1971 e 1974). A dita página (luiscabral.net/misc/gen/), que se mantém inalterada desde os últimos anos do século passado, começa com a seguinte citação: "The time will come when the real Genesis will be recognized as the most creative contribution to progressive rock and one of the greatest events in the history of music. L Cabral, Some Predictions for the New Millennium, New York, 1999".

Claro que o livro "Some Predictions for the New Millennium" não existe: foi simplesmente uma brincadeira; mas a ideia é séria: a ideia que, naquele marasmo da música que foram os anos 70 (lembram-se do "disco"?), a criação de Peter Gabriel & colegas foi um fenómeno extraordinário — em certo sentido único — e altamente influente na história da música.

Porquê escrever sobre isto 20 anos depois daquela citação (e 50 depois do fenómeno)? Porque no espaço de poucas semanas me chamaram a atenção para dois eventos que, de alguma forma, confirmam a minha "profecia" de 1999.

Primeiro evento: Em Agosto, um amigo "Genesista" chamou-me a atenção para um concerto de 2015 na Islândia (como é que só agora soube?). A banda Todmobile, juntamente com Steve Hackett e a orquestra SinfoniaNord interpreta de forma magistral "Supper's Ready", um dos pontos altos da discografia dos Genesis. Para quem tiver 25 minutos livres e ligação à Internet (YouTube) recomendo vivamente este testemunho de que álbuns como "Foxtrot" mantêm a frescura com que foram criados há muitos anos.

Segundo evento: Em Setembro, enviaram-me um "link" para o último álbum da banda "Reis da República". (Declaração de interesses: um dos membros desta banda é meu sobrinho, filho da minha irmã, a mãe orgulhosa que me enviou o link.) Estou certo de que os "Reis" ouviram muitos tipos de música, mas a influência dos Genesis é particularmente notória — e isto particularmente nas faixas "Hermalin", "Bocejo", "Fugida" e "Ao Portão". Parece que ouvimos as deambulações mirabolantes dos teclados de Michael Rutherford, ou as cadências originais e inconfundíveis da bateria de Phil Collins.

Suspeito que o público dos "Reis da República" se renderá mais facilmente aos trechos mais "catchy" com "Sidónio" ou "Fábula", mas o resto do álbum tem muito que se recomende: não fica nada atrás, antes pelo contrário. Vale a pena ouvir!

É bom saber que a música portuguesa continua viva e criativa. E que o legado de Peter Gabriel, Steve Hackett, Tony Banks, Michael Rutherford e Phil Collins se mantém bem vivo.

PS. Ao longo dos anos, tenho recebido vários mails a propósito da página dos Genesis. Alguns protestam contra a minha restrição aos anos 1971-74. Têm razão: depois de muitos anos de estudo, concluo que 1969, 1970, 1975 e 1976 foram também anos de boa "colheita".

Experimentem.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Luis Cabral
    14 nov, 2018 New York 01:46
    Não sou de responder a comentários, mas neste caso tenho de reconhecer que o sr João Conceição tem toda a razão. Este erro imperdoável — rapidamente notado por vários leitores e tardiamente pelo próprio autor — reflecte mais o meu deficit neuronal (infelizmente em rápido crescimento) do que a sinceridade e autenticidade de um fã já desde os anos 70.
  • João Conceição
    26 out, 2018 Coimbra 23:43
    Não sou de fazer reparos nas caixas de comentários mas um detalhe deste artigo deixou-me perturbado. Se os Genesis são a sua banda favorita, como é possível cair no erro de escrever algo como "as deambulações mirabolantes dos teclados de Michael Rutherford", quando deve saber perfeitamente que o teclista é Tony Banks? Peço desculpa mas o erro é crasso e imperdoável a qualquer verdadeiro fã dos Genesis.