19 out, 2018
Com os altos e baixos e o dramatismo (real ou fictício) que são próprios de negociações complexas entre Estados, o processo do Brexit vai seguindo o seu caminho.
Aparentemente, existe agora, depois da cimeira do passado dia 17, uma maior abertura das partes para evitar uma saída sem acordo. Essa maior abertura pode passar pela extensão do período de transição pós-Brexit.
Ao que parece, um dos casos mais bicudos para resolver é o problema da Irlanda do Norte. Convém, no entanto, dizer que, quem está fora do segredo das negociações, como é o nosso caso, deverá sempre desconfiar se o que parece é, ou seja, se verdadeiramente será este o ponto mais importantes ou se não se trata de, ao anunciá-lo como tal, se esconder pontos menos mediáticos mas mais cruciais para o desenrolar das negociações. Adiante. Na ausência de informação em contrário, vamos admitir que o que parece, é.
Quanto à fatura do Brexit, que foi muito badalada no início do processo, sendo uma questão financeira, não era só por si algo que impediria um acordo. A vantagem de uma negociação estritamente financeira é que permite bastante flexibilidade em termos de montantes a pagar, contrapartidas, prazos, etc. Só quando, uma das partes domina completamente a outra, como foi o caso do tratado de Versailles, é que as negociações financeiras se transformam rapidamente em saque financeiro. Tal não é, obviamente o caso do Brexit.
Por contraste, é mais difícil o caso da Irlanda do Norte. Tem toda a razão o governo britânico em não admitir uma separação de regimes, nomeadamente aduaneiros, entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido. E por isso, essa hipótese está à partida excluída, como bem sabem os restantes 27. Mas entre essa hipótese e a existência de uma fronteira fixa “dura” clássica entre as duas Irlandas, haverá certamente possibilidades intermédias que será possível explorar.
Por isso, continuo a admitir que será possível obter um bom acordo para ambas as partes.