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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Efeitos perversos

24 set, 2018 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A austeridade pela via dos cortes na despesa pública, sem reformas, enfraquece o Estado e promove o consumismo.

As finanças públicas evoluem no sentido de já não ser uma miragem esperar um excedente orçamental num futuro relativamente próximo. É uma boa notícia, mas a via escolhida pelo governo da A. Costa e M. Centeno para atingir essa meta não tem sido a melhor.

O primeiro-ministro proclama o fim da austeridade desde o início do seu mandato. É propaganda, evitando referir que, na ausência de reformas na orgânica e no funcionamento do Estado (reformas que o PCP e o BE abominam), a consolidação orçamental se processa sobretudo graças a cortes e cativações na despesa pública.

Ora essa “austeridade disfarçada” provoca dois efeitos negativos. O primeiro é a falta de dinheiro em inúmeros serviços e empresas do sector público. O caso dos comboios é chocante e não se limita às linhas regionais – há dias, um Alfa destinado a Braga teve de ficar em Campanhã, por causa de uma grave avaria numa roda; milagrosamente, não aconteceu um trágico desastre.

Outro exemplo: na semana passada o ministério das Finanças autorizou finalmente um concurso para a construção de uma nova ala pediátrica no hospital de S. João, no Porto (por sinal um hospital cuja elevada qualidade de gestão é bem conhecida). Essa nova ala estava prometida há dez anos, mas na melhor das hipóteses ficará pronta em 2021...

O outro efeito perverso da propaganda do “fim da austeridade” está na euforia consumista que desencadeou. A poupança das famílias, em Portugal, é hoje pouco mais de um quarto, em proporção do rendimento disponível, do que era há 30 anos e é metade da média europeia. Pior: a poupança continua a baixar, estando agora abaixo de 4,5% do rendimento disponível das famílias, quando em 1995 se situava em 13% de um rendimento disponível menor do que o atual. Parece que as advertências do Banco de Portugal e os alertas da Deco pouco têm travado o crédito bancário para habitação e consumo.

É uma irresponsabilidade que ameaça o crescimento económico, que aliás já se encontra em abrandamento. O Conselho das Finanças Públicas alertou há dias para que as componentes desse crescimento estão a mudar: o PIB está cada vez mais apoiado no consumo e menos nas exportações e no investimento. Lembrou o organismo liderado por Teodora Cardoso que “os estímulos dirigidos ao consumo têm efeitos positivos no imediato, mas, ao não induzirem ganhos de competitividade, tornam-se insustentáveis“.

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  • JOAQUIM S.F. SANTOS
    24 set, 2018 TOJAL 18:15
    De Sócrates, sabemos a herança recebida, de Costa pouco, porém o Céu falou e disse em 1/11/2015: "Há um político que se governar o vosso país, irá deixar a vossa nação mais abalada, e deste abalo, irá começar um período muito crítico para Portugal. Muita coisa nova irá acontecer. Homens, mulheres e crianças irão sofrer consequências justas e injustas, provocadas por erros. Em Fátima meus filhos alertei o mundo inteiro do perigo da ideologia comunista, vos avisando que esta se espalharia pelo mundo todo. A Igreja do Meu Filho Jesus, por várias vezes, já condenou o comunismo e o socialismo, de sorte que um católico fiel não pode jamais apoiar qualquer forma de socialismo, marxismo ou comunismo, nomes diferentes para o mesmo mal ou o mesmo veneno. Vou relembrar-vos novamente as minhas palavras em Fátima. Alertai-vos:” Se atenderdes aos meus pedidos a Rússia se converterá e terão Paz. Se o não fizerdes a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados…Mais uma vez, meus filhos, os meus pedidos não foram atendidos, e o comunismo, o marxismo ou socialismo, se espalhou como uma terrível peste pelo mundo. Para se evitar todo este mal meus filhos, é preciso rezar muito o meu Rosário (o terço), fazer penitência, ter devoção ao Sagrado Coração de Jesus Cristo e ao Meu Imaculado Coração." Esta herança, a receber pelos portugueses não será apenas direta, mas indireta, devida aos pecados cometidos pelo Parlamento.