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Luís Cabral
Opinião de Luís Cabral
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Revolução digital e salários

31 ago, 2018 • Opinião de Luís Cabral


Por vezes, as novas tecnologias são um substituto da mão-de-obra; por vezes, as novas tecnologias permitem melhorar a produtividade da mão-de-obra existente.

A notícia apareceu na Renascença: "Investigadores e produtores de vinho estão a testar no concelho de Vila Flor um robô capaz de fazer medições de parâmetros chave da vinha e dar aos vitivinicultores informações sobre a produção de vinho através do projeto 'VineScout'."

Notícias como esta - robôs, inteligência artificial - são cada vez mais comuns nos nossos dias. O que é que tudo isto significa para o trabalho e para os salários? Por vezes, as novas tecnologias são um substituto da mão-de-obra (por exemplo, o robô aspirador); por vezes, as novas tecnologias permitem melhorar a produtividade da mão-de-obra existente.

Esta dicotomia na relação entre a tecnologia e o trabalho - por vezes substitutos, por vezes complementos - torna difícil a resposta à pergunta anterior (o efeito da tecnologia nos salários). No caso do robô do projecto "VineScout", creio que estamos perante um caso de complementaridade: a nova máquina aumenta a produtividade dos vitivinicultores, o que, por sua vez, terá um impacto positivo nos seus salários.

Em muitos outros casos (maioria?), as novas tecnologias substituem empregos existentes, o que, no curto prazo, leva a um abaixamento dos salários. Este é um dos grandes desafios da política social deste século: como melhor enfrentar o problema de ajustamento no mercado de trabalho devido à revolução digital.

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  • MASQUEGRACINHA
    02 set, 2018 TERRADOMEIO 19:51
    Acho que esse tal de "VineScout" vai é impedir que continuem a surgir as mais inspiradas pomadas, que tendem a aparecer "fora dos parâmetros"... tipo aquele néctar nascido de uma vinha congelada pelo frio, que o "VineScout" não consideraria, decerto, "dentro dos parâmetros". O pior dos "VineScouts" desta vida nem é o desemprego: é a institucionalização da mediocridade. Claro que existirão sempre uns eleitos com enólogo (humano) privativo... Quanto aos efeitos da tecnologia no emprego, é de reparar na suspeita bonomia com que os investidores do costume encaram o rendimento mínimo garantido: uns trocos para manter a rapaziada viva, a gastá-los nas zurrapas fabricadas por cordatos robôs. Serão trocos, mas são muitos trocos, porque a rapaziada é muita, e os investidores são muito poucos. De qualquer maneira, o Veuve e a ovinha de esturjão também não chegavam para todos. Nem a rapaziada sabe apreciar essas coisas, como diria o Santos merceeiro (eu gosto de citar o Santos, acho-o muito ilustrativo). Que não haja preocupação com as políticas sociais: isso é logo o primeiro tema a ser tratado por quem com competência para tal. E nem se temam as revoluções luditas, que a rapaziada está toda entretida com as últimas gerações de tecnologia da comunicação low-cost, com tempo de vida útil pré-programado, para que não lhes falhe inovação nenhuma.