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Conversas na Bolsa
Grandes debates e conversas no Palácio da Bolsa, no Porto. Organizadas pela Associação Comercial do Porto com o apoio da Renascença
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“Conversas na Bolsa”

Populismo “vai chegar mais tarde ou mais cedo a Portugal"

22 jun, 2018


Miguel Poiares Maduro, convidado do “Conversas na Bolsa”, admite que os populismos ainda só estão nos clubes de futebol, mas podem chegar à política.

"A politica é cada vez mais baseada numa identidade emocional e não racional". O ex-ministro Miguel Poiares Maduro, o convidado das “Conversas na Bolsa” deste mês, alerta para os perigos do populismo que está a alastrar na Europa.

Poiares Maduro admite que o movimento “vai chegar mais tarde ou mais cedo a Portugal”.

O ex-ministro identifica como um problema relevante “a mudança fundamental no comportamento da juventude em relação à politica”, recordando que “durante anos os jovens manifestaram a sua insatisfação não participando, ou não intervindo politicamente”.

Poiares Maduro lembra que “estamos a assistir em alguns países europeus a algo que mais cedo ou mais tarde vai acontecer em Portugal” e que é o facto dos jovens terem “começado a participar politicamente através de movimentos políticos alternativos”. O professor dá o exemplo da Áustria que viu ascender ao poder “um chanceler de 31 anos ou os casos de Espanha com o Cidadãos e o Podemos ou da Itália com o 5 Estrelas e a Liga”.

Neste contexto, Poiares Maduro alerta: “se a classe politica tradicional não alterar comportamentos e não tiver perspetiva, o que vai acontecer é que vão surgir novos movimentos políticos, vão surgir novos atores políticos e vão ser eles que vão tomar conta da politica”. E acrescenta, o ex-ministro: “não necessariamente pelas melhores razões, nem necessariamente com a melhor participação”.

O convidado deste mês de junho das “Conversas na Bolsa” diz que “esse é o grande desafio que temos pela frente”, lembrando que, por agora, “em Portugal o populismo está nos clubes de futebol, mas pode facilmente entrar na politica”.

Miguel Poiares Maduro lembrou a crise das dívidas soberanas na Europa e as discussões que o tema provocou sobre a origem do problema; se por causa dos devedores, se por causa dos emprestadores de divisas. E recordou que “as democracias nacionais já não conseguem assegurar o seu autogoverno”, o que “dificulta depois o julgamento politico por parte dos cidadãos”. Ou seja, “os cidadãos não sabem já o que é realmente produto de decisões dos seus governos ou de decisões tomadas fora do seu Estado”. O que potencia, na opinião do ex-ministro, “a possibilidade dos agentes políticos nacionais de usarem esta assimetria para manipular o funcionamento da politica”.

Poiares Maduro defende que “em Portugal nos temos um número completamente desproporcionado de canais de noticias relativamente a outros Estado” que leva a que “cada vez mais a politica seja determinada pelo curtotermismo”. O que quer dizer que “a política responde aos incentivos de curto prazo” e isso significa que “cada vez menos é capaz de incorporar nas decisões politicas os impactos de médio e longo prazo na sociedade”. E isso, conclui, Poiares Maduro “gera um problema democrático de falta de representação dos interesses das gerações futuras”.

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  • Rebeliao
    23 jun, 2018 lisboa 09:17
    O populismo vai explodir em Portugal já nas próximas eleições.O fator mais fraturante e q vai desencadear o fenómeno é a EUTANÀSIA defendida pelos lideres do BE,PS e PSD.Restam PCP e CDS q são contra a eutanásia logo há já o caldo para aparecimento de novos partidos.Isto associado a uma revolução silenciosa e permanente atrvés de leis de confisco , impostos e queda economia, poderão ajudar a fazer a fratura na politica atual.O orçamento pra 2019 será o gatilho.
  • Tito
    23 jun, 2018 Lisboa 08:56
    Exemplo do saque e não parece é o acordo climático que obrigou á implementação desde 2010 e reforçado lei 118/2015 e alterações o CERTIFICADO energético obrigatório para vender ou alugar imóveis.Mais um imposto e assalto carteiras.A tentativa de acabar c carros a gasóleo e gasolina é um duro golpe para todos os automobilistas.Quem irá lucrar c este fundamentalismo?A exportação de divisas por importação dos carros elétricos será a ruina Portugal etc.Ainda não há um governo Mundial e a maior parte do s países não irao substituir a sua frota e equipamentos industriaisA energia mais limpa e produtiva mas tb perigosa é a nuclear.Para termos carros e equipamentos elétricos temos q produzir mto mais eletricidade,quem já fez as contas? É uma tema tratado de forma superficial q merece uma reflexão mais abrangente e profunda,com os pontos fracos e fortes desta medida,pois nem tudo q parece é.
  • F. Almeida
    22 jun, 2018 Porto 23:02
    Poiares Maduro anda muito distraido. O Populismo ja' ca' esta' ha' algum tempo mas anda disfarçado