01 mai, 2018
Cada músico tem o seu estilo e o seu repertório. No entanto, ao longo da História da Música encontramos vários casos de colaborações musicais algo surpreendentes, nomeadamente devido à diversidade de estilos dos artistas: por exemplo, David Bowie e Nina Simone; Eminem e Elton John; ou Willie Nelson e Snoop Dogg.
De um ponto de vista artístico, as colaborações musicais oferecem aos artistas a oportunidade de estender os seus horizontes criativos. De um ponto de vista económico, trata-se da criação de um novo "produto" (mesmo que se trate do mesmo material original).
O negócio da música tem evoluído profundamente desde o princípio do século. Para além da revolução digital, que teve um efeito significativo na produção e distribuição da música, notas-se uma aumento considerável na ocorrência de colaborações musicais. Em 1990, apenas 5% do top 100 nos Estados Unidos (Billboard Hot 100) correspondia a colaborações musicais. Hoje em dia, o valor é 35%.
Por outras palavras: uma em cada três canções de sucesso correspondem a colaborações musicais.
Porquê esta explosão de "joint ventures" no mundo musical? Não creio que haja uma explicação do acordo geral. Aliás, não creio que haja uma explicação única: trata-se, provavelmente, da confluência de vários factores.
Se tivesse de escolher uma explicação, diria que se trata do resultado do novo modelo de distribuição. Se no Século XX a distribuição dava-se principalmente através da venda de discos (vinil ou CD). No presente século os serviços de "streaming" como o Spotify têm cada vez mais importância. Estes serviços permitem aos ouvintes acesso a um número de canções cada vez maior. Neste contexto, o problema da descoberta torna~se cada vez mais importante: pôr uma canção no Spotify não é muito difícil; conseguir que as pessoas prestem atenção, isso é mais difícil.
As colaborações musicais oferecem uma excelente oportunidade para trazer novos estilos a ouvintes que estão habituados a um número restrito de estilos e artistas. Para além do aspecto criativo, são também, por assim dizer, uma forma de marketing musical.