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O Mundo em Três Dimensões - Liberdade de imprensa - 03/05/2018

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Portugal bem classificado no "ranking" de países amigos da liberdade de imprensa

03 mai, 2018 • André Rodrigues (texto), Paulo Teixeira (sonorização)


Mais de 80 jornalistas foram mortos em 2017 simplesmente por fazerem o seu trabalho. No último ano, a Europa foi o continente onde mais se degradou o clima de hostilidade em relação aos jornalistas.


Vivemos num tempo em que é cada vez mais difícil ser-se jornalista, cada vez mais difícil gozar da independência que por definição esta profissão deve ter.

Independência de todo e qualquer poder... principalmente dos agentes da política e do desporto, que são os que mais cedem à tentação de controlar a comunicação social. Não o dizem de forma tácita, mas são os que mais tentam condicionar a liberdade de quem informa.

Só que, vistas bem as coisas, o panorama em Portugal é bem mais pacífico do que noutros sítios onde ser jornalista é uma tarefa demasiado ingrata, seja pelo risco de ir parar à prisão ou, ainda pior, pelo perigo de morte.

Em 2017, mais de 80 jornalistas foram assassinados simplesmente porque estavam a fazer o seu trabalho.

Num universo de 180 países, o ranking dos Repórteres Sem Fronteiras coloca a Noruega em primeiro lugar e Portugal 13 posições abaixo.

Aliás, o nosso país integra o clube restrito em que o respeito pela liberdade de imprensa é considerado bom. Melhor do que em Espanha, França, Reino Unido, Alemanha Estados Unidos, Canadá ou Austrália.

Só que os números globais desta organização não governamental parecem confirmar um crescimento da hostilidade em relação ao trabalho dos jornalistas.

Uma hostilidade em grande parte impulsionada pela ação do poder político. Veja-se o caso da Venezuela, embora isso não seja propriamente surpresa, ou então os Estados Unidos – que muitos ainda vêm como uma espécie de farol das democracias ocidentais. Mas com Donald Trump na Casa Branca, o farol parece estar embaciado.

É tudo uma questão de exemplo. Quando é o próprio Presidente a “twittar” insultos contra jornalistas e meios de informação, estamos conversados…

Globalmente, a Europa é o continente onde a liberdade de imprensa é menos ameaçada, mas nunca como agora se registou uma tão grande deterioração do ambiente.

Há campanhas de difamação contra jornalistas que envenenam a opinião pública e acabam por potenciar ações violentas, repressão do Estado e recurso aos tribunais contra jornalistas.

Quatro dos cinco países que registaram as maiores quedas no ranking dos repórteres sem fronteiras são europeus. E três deles são da União Europeia.

Malta está no lugar 65 e foi o país do espaço comunitário que mais posições caiu, por causa do assassinato da jornalista Daphne Galizia, que denunciou casos de corrupção que precipitaram o país para eleições antecipadas, em junho de 2017.

A República Checa está na posição 34 e a Eslováquia ocupa a 27ª. Fora da União Europeia, a Sérvia é o país que mais põe em causa a liberdade de imprensa.

Mas claro que nada disto se compara à violação de direitos dos jornalistas na Turquia ou no Egipto, que são, por assim dizer, residentes nas últimas posições da tabela. A par com a Arábia Saudita, a China, o Irão, o Iraque ou a Síria ou a Coreia do Norte, que, apesar dos sinais de abertura com a aproximação aos vizinhos do Sul, continua a ocupar o último lugar do ranking da liberdade de imprensa.

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