16 jan, 2018 • Liliana Carona
“Soja à portuguesa: hidratar a soja e deixar marinar com alho picado, adicionar as batatas fritas e o molho da marinada e, no final, juntar os coentros.” Não foi preciso ver um programa de culinária para aprender a cozinhar comida vegetariana. Aos 47 anos, Paula Felício, cozinheira da cantina do Agrupamento de Escolas de Fornos de Algodres, ganhou mão para os legumes, a soja e o seitan.
Paula aplica estes e outros ingredientes sem carne ou peixe em receitas que segue de uma espécie de livro de culinária da Direcção-geral da Educação. Todos os dias há menus vegetarianos diversificados. Esta semana, terça-feira é dia de soja à portuguesa. Quarta-feira haverá salada de três feijões com batata. E quinta e sexta? Esparguete de cogumelos, acompanhado de favas com mistura de legumes, e estufado de grão com legumes e batata cozida.
Desde Junho de 2017 que a alternativa vegetariana é obrigatória nos estabelecimentos de ensino, mas na escola de Fornos de Algodres, no distrito da Guarda, o menu vegetariano existe há três anos. E o balanço é positivo, dizem os alunos e responsáveis da escola.
Os 530 alunos da escola têm a opção de escolher comer, por exemplo, “soja à portuguesa” em vez de “carne de porco à portuguesa”, com a garantia de todas as proteínas e vitaminas necessárias.
Para já há meia-dúzia de alunos a preferir o menu vegetariano, mas a direcção da escola de Fornos de Algodres acredita que, feita a prova, o número tende a crescer. A escola serve 250 refeições diárias.
“Quis logo experimentar”
Maria José Teixeira, tesoureira a trabalhar na acção social escolar, conta que não foi difícil encontrar os ingredientes para o menu vegetariano e garante que ninguém passa fome.
“Somos uma zona privilegiada. Temos couve, cenoura, grão, leguminosas, não lhes falta nada, uma criança fica satisfeita. Damos ao aluno a proteína, o cereal, o legume indicado”, salienta.
Maria José Teixeira concorda com a obrigatoriedade da opção vegetariana nas cantinas escolares. “Qualquer aluno deve ter direito a comer aquilo que está habituado, seja por motivos religiosos ou outros. Queremos que os alunos se sintam bem. Podem não gostar de carne, ter pena dos animais e, por isso, preferem comer outro tipo de coisas e têm o direito de escolher. E já há muitos alunos que querem provar e gostam”, conclui.
A opção vegetariana é feita mediante a autorização dos pais. Madalena Fonseca, 16 anos, é uma das alunas que pede sempre o menu vegetariano. É fã dos hambúrgueres de ervilha, servidos na cantina. “É muito bom, fazem bem a comida – hambúrgueres de ervilhas, de feijão, o arroz de lentilhas, não é só cozer legumes, têm muita variedade. Já comia vegetariano e quando soube que havia na escola quis logo experimentar, é muito bom. Acho espectacular”, elogia.
Carlos Nunes, 17 anos, presidente da associação de estudantes, considera já vulgar a dieta vegetariana como alternativa à mediterrânica. “Dá a possibilidade aos alunos vegetarianos de comer na escola, hoje em dia é cada vez mais vulgar. Eu já comi tofu e soja”, sorri.