Empresas que passaram por dificuldades durante a pandemia receberam cerca de 1,8 mil milhões de euros em 2020 e 2021. Juízes deixam reparo às entidades fiscalizadoras, e falam de desfasamento entre o número de processos que chegam a ACT e os que são enviados ao Instituto de Segurança Social.
A Autoridade para as Condições do Trabalho está a fiscalizar as empresas até domingo. A Renascença acompanhou uma equipa de inspetores numa visita a uma empresa no Porto, com os trabalhadores em trabalho presencial.
Alexandra e Sílvia foram sovadas com palavras, excluídas no local de trabalho. As duas funcionárias públicas foram obrigadas a fugir: uma conseguiu ser transferida, outra despediu-se. Denúncias de assédio moral lideram queixas na Função Pública, segundo dados da Inspeção-Geral de Finanças. Mas os números no privado ainda são mais expressivos. Isolado numa sala, Jorge está a preparar a fuga e já moveu um processo contra a entidade patronal. Quando se fala em assédio moral, as provas são escassas, fazer cumprir a lei não é fácil e a busca por justiça demora.
Autoridade para as Condições do Trabalho tomou a iniciativa dos procedimentos inspetivos em curso assim que o despedimento coletivo foi noticiado, mesmo antes de receber pedidos de intervenção ou de se ter reunido com os representantes dos trabalhadores da Altice.
Após um período de convivência forçada com o teletrabalho, muitos portugueses preparam-se agora para voltar ao escritório. O saldo da pandemia ainda está longe de estar apurado, tal como as regras transgredidas por algumas empresas durante este período. Rita viu os seus apelos para continuar em casa negados e despediu-se. Ana nunca conseguiu cumprir o horário reduzido. Tiago gere os recursos humanos de duas empresas e tem muitos problemas em cima da mesa. No retorno marcado para 14 de junho, será essencial “ouvir as pessoas, perceber como estão”, pois “muitas podem estar esgotadas” e precisar de férias, diz Teresa Espassandim, psicóloga do trabalho.