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Igreja promove canonização de “testemunhas incómodas” da guerra civil em Moçambique

20 jun, 2021 - 09:15 • Lusa

Quase 36 anos depois, a igreja católica em Tete está numa fase preliminar do processo de canonização, acreditando que os dois missionários são "mártires".

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A diocese de Tete, centro de Moçambique, vai iniciar o processo de canonização de dois jesuítas, um português e um moçambicano, mortos na missão de Chapotera em 1985 por serem “testemunhas incómodas” da guerra civil, disse o bispo de Tete.

“Eram testemunhas dos acontecimentos e, evidentemente, tendo ligações com a igreja em Moçambique, com pessoas que tinham acesso ao poder", denunciaram "a violência, das duas partes", disse Diamantino Antunes, acrescentando: "Por isso eram vozes incómodas".

Em confronto estavam a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde a independência, e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), oposição.

O padre Sílvio Moreira, português de 44 anos, e o padre João de Deus Gonçalves Kamtedz, moçambicano, 54 anos, foram assassinados a tiro e com baionetas a 30 de outubro de 1985 por um grupo armado que os tirou de casa, em Chapotera, na zona de Angónia.

Os corpos foram abandonados no mato, a 200 metros da residência.

Quase 36 anos depois, a igreja católica em Tete está numa fase preliminar do processo de canonização, acreditando que os dois missionários são "mártires".

Eles “eram contrários à guerra e sentiam o sofrimento do povo como sofrimento deles”, denunciando a tragédia da guerra baseados numa virtude cristã.

Os sacerdotes tinham “fé, coragem e caridade”, defendeu Diamantino Antunes.

A abertura da fase diocesana da causa de canonização está marcada para 14 de agosto no seminário de Zobué, onde o padre Sílvio foi professor e onde o padre João de Deus deu assistência durante a guerra, sendo que a data vai coincidir com uma peregrinação organizada pela diocese.

Na data será feito o juramento público da comissão diocesana que vai conduzir o processo.

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