A laranja já não é mecânica

Nos tempos idos de Johan Cruyff, Ruud Gullit, Frank Rijkaard e Marco Van Basten, em que o futebol holandês deslumbrava o mundo, as selecções dos Países Baixos foram amiúde apelidadas, muito acertadamente, de “laranja mecânica”.

Praticavam então futebol de altíssima qualidade, que prendia os espectadores aos pequenos écrans, e atingiram por duas vezes consecutivas a final do Campeonato do Mundo.

No primeiro caso, em 1974 a Holanda perdeu para a Alemanha, para quatro anos depois voltar a não ter sucesso, mas dessa feita frente à Argentina.

Foi campeã da Europa uma única vez, em 1988,vencendo na final, em Munique, a selecção da Rússia, num jogo em que Gullit e Van Basten se encarregaram dos golos, e em que a actuação de Ronald Koeman, outra enorme figura desse tempo, acabou por ser também relevante.

Mas, antes de todos, há dois nomes que ficam para sempre ligados ao futebol holandês, do qual se tornaram figuras imortais: Rinnus Michels, o grande criador de um tipo de futebol único, e Johan Cruyff, o maior intérprete desse sistema, que se transformou numa figura lendária, que o mundo ainda hoje evoca com enorme nostalgia.

Pois neste Campeonato, que agora decorre em diversos países, a selecção dos Países Baixos, que conquistou já ontem o direito de passar à fase dos oitavos-de-final, e sendo constituída por jogadores cuja capacidade não pode ser colocada em dúvida, está longe de poder ser considerada uma séria candidata à conquista do título por ora em disputa.

Já os seus vizinhos da Bélgica têm de, forçosamente, ser colocados num outro patamar.

Também garantiram ontem a qualificação para a próxima fase do Europeu e confirmaram, em mais um excelente jogo, que se trata de um conjunto com o qual os mais favoritos têm de contar.

Entretanto, estamos a aproximar-nos, cada vez mais, da próxima participação portuguesa neste Campeonato da Europa. É já amanhã, com a Alemanha, em Munique onde a comitiva liderada por Fernando Santos já se encontra desde ontem ao princípio da noite.