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Lisboa na linha vermelha. O que pode acontecer agora?

15 jun, 2021 - 08:35 • Miguel Coelho

Desde 7 de maio, os contágios multiplicaram-se mais de quatro vezes no concelho de Lisboa, que pode chegar aos 280 casos por 100 mil habitantes nos próximos dias. O que significa um possível recuo?

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Lisboa já ultrapassou a linha vermelha que pode obrigar a recuar no desconfinamento. Os 240 casos por 100 mil habitantes e os contágios continuam a aumentar e o cenário não é animador.

Afinal, qual é o cenário em Lisboa?

Os dados conhecidos nas últimas horas mostram que Lisboa, no passado sábado, já tinha uma incidência de 254 casos por 100 mil habitantes – portanto, acima da linha vermelha estabelecida pelo Governo – e a tendência é de agravamento.

Os números adiantados à Renascença por Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, fazem prever que, já nos próximos dias, a incidência em Lisboa possa chegar aos 280 casos por 100 mil habitantes, o que é um aumento significativo em relação ao que se registava há pouco mais de um mês.

Os dados da DGS de 7 de maio indicavam que Lisboa tinha uma incidência de apenas 67 – ou seja, de lá para cá, os contágios multiplicaram-se mais de quatro vezes.

Porquê a subida de tantos casos em tão pouco tempo?

O que os especialistas têm dito é que é uma conjugação de circunstâncias. Por um lado, o desconfinamento (com mais gente na rua, o aumento dos ajuntamentos, fiscalização pouco eficaz), por outro, os festejos do título do Sporting e outros eventos.

A par de tudo isto, a disseminação da variante indiana – ou variante delta como agora é conhecida –, que se transmite mais facilmente.

Mas será assim tão preocupante com a vacinação?

O Presidente da República tem lembrado que o número de óbitos é muito baixo apesar do crescimento de casos de Covid-19. Há a convicção de que as vacinas defendem já muita gente dos efeitos da doença, mas muitas pessoas não estão ainda vacinadas e outras levaram apenas a primeira dose.

E atenção: só nas últimas duas semanas, na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), quase triplicou o número de internamentos em enfermaria e, no caso dos cuidados intensivos, o aumento é de quase quatro vezes – um aumento de 277%.

Em todo o país, Lisboa e Vale do Tejo é nesta altura responsável por dois terços dos internamentos, o que pode fazer com que dentro de alguns dias ou semanas venham também a aumentar os óbitos, sobretudo se esta tendência não for invertida. Concluindo, há motivos para alguma preocupação.

E quanto à possibilidade de se recuar no desconfinamento?

O que está definido é que um concelho de alta densidade (como é Lisboa) que registe mais de 240 casos por 100 mil habitantes durante duas semanas consecutivas tenha medidas mais apertadas. Portanto, se até ao final da próxima semana se mantiver esta situação, Lisboa pode mesmo regredir no desconfinamento.

O que significa o recuo?

Novas restrições, a saber:

  • os restaurantes, pastelarias e comércio a retalho não alimentar voltam a fechar mais cedo – 15h30 ao fim-de-semana (durante a semana mantém-se fecho às 22h30)
  • a lotação no interior passa a quatro pessoas e, na esplanada, seis
  • supermercados passam a fechar às 19h00 ao fim de semana e mantêm encerramento às 21h00 nos dias úteis
  • os ginásios deixam de ter aulas em grupo; ao ar livre podem participar até seis pessoas
  • teletrabalho passa a ser obrigatório (sempre que possível)
  • Espetáculos culturais têm de terminar às 22h30
  • os casamentos e batizados podem ter no máximo 25% de lotação
  • no desporto continua a ser permitido a prática de modalidades desportivas de médio risco, mas sem público.

Estas medidas podem ser consultadas no site Estamos On, onde também se encontram os concelhos em risco.

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