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Venezuelanos em Portugal "assustados" com caso da partilha de dados

11 jun, 2021 - 19:09 • Vítor Mesquita

Desculpas não chegam, diz presidente da associação Venexos. ​Depois do caso da partilha de dados sobre ativistas russo, há cada vez mais sinais de receio e pedidos de esclarecimentos à Câmara de Lisboa.

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A Câmara de Lisboa já devia ter informado os manifestantes sobre a eventual cedência de dados a embaixadas, diz à Renascença o presidente da Venexos, associação de apoio a venezuelanos a viver em Portugal.

Christian Höhn refere que há preocupação na comunidade e sublinha que um pedido de desculpas não chega.

“Derramar o copo e pedir desculpa… As desculpas evitam-se. Pedir desculpas é sempre bom, mas não resolve o mal que está feito. Deveria existir um esclarecimento aos envolvidos, à Venexos, a dizer: ‘informamos que foram estes os dados comunicados’. É muito importante que nós tenhamos acesso ao que foi partilhado.”

O presidente da Venexos refere que o pedido de autorização para um protesto contra Maduro, há quatro anos, foi assinado por nove ativistas. Cerca de metade tem família na Venezuela.

A associação tem por isso preparado um pedido de esclarecimentos à Câmara de Lisboa.


“Vamos enviar uma carta oficial à Câmara de Lisboa a perguntar se algum dos elementos que nós fornecemos foram ou não comunicado à embaixada. Temos eventos, como o grande evento 2017 em Lisboa, em que temos nove subscritores e, dessas nove, quatro têm família na Venezuela. É uma situação bastante complicada”, afirma Christian Höhn.

O ativista venezuelano revela que tem recebido inúmeros contactos de pessoas preocupadas com o caso da partilha de dados por parte da Câmara de Lisboa.

“Tivemos muitos voluntários assustados a ligar-nos e a mandarem-nos mensagens. As três maiores concentrações em Portugal foi a Venexos que fez, especialmente em 2015 e 2017. Em 2017, eram-mos 500 venezuelanos na Praça do Comércio. Muitos têm família na Venezuela, onde existe perseguição às pessoas que organizam e participam em protestos. É um assunto muito grave.”

A Venexos não recebeu qualquer contacto de qualquer autoridade portuguesa. Aguarda a resposta da autarquia para saber se tomará outras medidas, como o recurso à justiça. Há, no entanto, o receio de que o direito à manifestação sofra com este caso.

“Imagine que eu marco uma nova manifestação. As pessoas vão ter medo de ir e de assinar”, afirma Christian Höhn, em declarações à Renascença.

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  • João Oliveira
    12 jun, 2021 Edinburgo 02:42
    Em resumo, a Camara de Lisboa, decidiu armar-se em agência de espionagem, e entregar informações a nações com falhas evidentes em direitos humanos. Porque e que um simples município acha-se no direito de entregar informações privadas a paises estrangeiros, sob risco de por em perigo a liberdade e as vidas de seus munícipes? Para ter a ideia da gravidade da situação, em algumas nações, isto seria considerado alta traição! Imagine-se a pena para tal crime! Imagine-se o que mais partilharam! O risco que representa para o Estado e para os residentes Portugueses!

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