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Ambientalista Jane Goodall vence Prémio Templeton de 2021

21 mai, 2021 - 19:54 • Filipe d'Avillez

Após 60 anos a defender a preservação da natureza e dos primatas, Jane Goodall diz que há cada vez mais cientistas a admitir que a ciência não consegue explicar a natureza por inteiro.

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O Prémio Templeton de 2021 foi entregue na quinta-feira à ambientalista e cientista Jane Goodall, que dedicou a sua vida ao estudo de chimpanzés e a defender a natureza, tendo sido uma pioneira na descoberta de que esses animais sabem usar ferramentas e estabelecer relações de proximidade entre si e com humanos.

Destinado a pessoas que conciliam a ciência e a religião, o Prémio Templeton é o mais valioso da sua área e goza de grande prestígio tanto no mundo da ciência como no da religião.

“As suas descobertas alteraram profundamente a forma como o mundo encara a inteligência animal e enriqueceram a nossa compreensão da humanidade de uma forma que ao mesmo tempo nos exalta e nos torna humildes. O seu trabalho exemplifica o tipo de humildade, curiosidade espiritual e descoberta sobre os quais o meu avô, John Templeton, escreveu e falou toda a sua vida”, disse Heather Templeton Dill, presidente da Fundação John Templeton, que atribui o prémio.

Conhecida pelo seu trabalho científico e ambiental, Goodall, que tem 87 anos, não costuma ser associada a questões de fé, mas admite que ao longo da sua vida a religião sempre teve alguma importância e que cada vez mais entende que sem a fé não é possível entender o mundo natural.

“Cada vez mais cientistas estão a dizer que há uma inteligência por detrás do universo. Não vivemos. Não vivemos num mundo meramente material. O Francis Collins [amigo pessoal de Jane Goodall e vencedor da edição de 2020 do prémio Templeton] realçou que em cada célula do nosso corpo existe um código com vários milhares de milhões de instruções. Isso pode ser fruto do acaso? Não.”

“Não existe razão alguma para as coisas serem como são e é impossível que as mutações aleatórias tenham conduzido à complexidade da vida na terra. Cada vez há mais sobreposição entre religião e ciência e os cientistas estão cada vez mais dispostos a falar sobre isso”, diz Goodall, em entrevista à agência Religion News Service.

Na mesma entrevista Jane Goodall admite que não adere a nenhuma religião em particular, embora tenha sido educada na Igreja Congregacionalista e que a fé tenha estado sempre presente na sua vida.

Goodall é apenas a quarta mulher a vencer o Prémio Templeton, que existe desde 1973. A Madre Teresa de Calcutá foi a primeira a ser distinguida com o prémio, logo no ano inaugural. Mais tarde venceram Chiara Lubich, fundadora do movimento Focolares e Cicely Saunders, uma enfermeira pioneira dos cuidados paliativos.

Outros vencedores do prémio ao longo dos anos incluem o Irmão Rogér, do movimento ecuménico de Taizé, Aleksandr Solzhenitsyn, o Dalai Lama, o arcebispo Desmond Tutu e o padre Checo Tomás Halik.

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