Boavista foi campeão há 20 anos. "Ainda faltam 80 para voltar a ser"

18 mai, 2021 - 10:30 • Pedro Azevedo

A 18 de maio de 2001, o Boavista derrotou o Aves na penúltima jornada da Liga e fez história, quebrando sequência de 55 anos consecutivos de triunfos dos grandes.

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Em 86 épocas desportivas, Benfica, FC Porto e Sporting venceram 84 campeonatos. Só em duas ocasiões, Belenenses e Boavista contrariaram o domínio dos três grandes. O Belenenses foi campeão em 1945/1946. O Boavista venceu a competição em 2000/01.

Um título inédito que Martelinho antevê que não se repetirá tão cedo. “Quando fomos campeões, disse ao guarda-redes Ricardo que nem daí a 100 anos o Boavista voltaria a ser campeão. Quem conhece o futebol português sabe que por norma só ganham os três grandes. As exceções ao que é normal foram o Belenenses em 1945/46 e o Boavista em 2000/2001. Já passaram 20 anos e faltam 80”, ironiza, em entrevista a Bola Branca.

“Não há impossíveis no futebol, mas tenho a noção que será muito difícil o Boavista voltar a ser campeão, o que só valoriza e muito o que aquele grupo conseguiu fazer há 20 anos”, reforça Martelinho.

Campeonato “limpinho, sem osso”


Faz esta terça-feira 20 anos que a equipa axadrezada fez a festa, no Estádio do Bessa, após uma vitória na penúltima jornada frente ao Desportivo das Aves, por 3-0. Os golos foram marcados por José Soares (autogolo), Elpídio Silva e Whelliton.

De início, o Boavista treinado por Jaime Pacheco alinhou com: Ricardo; Frechaut, Pedro Emanuel, Litos e Quevedo; Rui Bento, Petit e Sanchez; Duda, Martelinho e Elpídio Silva. Foram ainda utilizados Jorge Couto, Pedro Santos e Whelliton.

Num estádio cheio de adeptos, quando o árbitro Duarte Gomes apitou para o final da partida, Martelinho foi o primeiro, em pleno relvado, ao microfone da Renascença, a reagir à proeza do clube. “Indiscritível, fantástico. Foi uma vitória justíssima”, referiu o jogador ao saudoso repórter Joaquim Vieira.

No final do encontro da consagração, Jaime Pacheco, no balneário, em direto na Renascença, abordou o título de forma muito peculiar: “É maravilhoso beber o champanhe nesta altura, que merecemos beber todo o ano. Fomos unidos, solidários e trabalhadores. Conseguimos ganhar o campeonato com todo o mérito. Como se diz na gíria, foi um campeonato limpinho, sem osso.”

O presidente do Boavista era João Loureiro. Tinha 37 anos. Dedicou o título à mãe e à mulher e convidou os adeptos portuenses de todos os clubes a participar na festa.

Passaram 20 anos, e Martelinho não esconde emoção por ter sido um dos protagonistas da conquista histórica.

“Sinto um arrepio e muito orgulho ao falar desse título. Foi uma vitória fantástica de uma grande equipa e de uma família. Foi uma vitória justíssima. Tivemos regularidade e capacidade de aguentar a pressão de jogar 17 jornadas sem claudicar. Demonstra do que éramos feitos, com fibra e qualidade. Um grande grupo onde incluo a equipa técnica, direção e adeptos, que foram fantásticos ao longo da época”, refere o antigo avançado.

Nove jogadores da formação na base do sucesso


No título inédito de 2000/01, o Boavista deixou o FC Porto a um ponto no segundo lugar, o Sporting em terceiro a 15 pontos de distância e o Benfica em sexto, a 23 pontos (o Braga foi quarto e o União de Leiria quinto).

Uma época de estrondoso sucesso com algumas explicações enumeradas por Martelinho: “Um dos segredos foi o Boavista apostar na formação. Havia nove jogadores formados no clube. Essa mística e ADN foi a base para o Boavista ser campeão."

"Também tínhamos um grande treinador que conseguiu reunir homens ao seu lado que o entendiam e sabiam que sem o trabalho nada se conseguia. Éramos um por todos e todos por um. Os suplentes festejavam os golos como se estivessem lá dentro. Não havia um 11, havia 26 ou 27 jogadores. Uma família unida onde todos eram importantes e tinham a sua cota parte no sucesso da equipa. Mesmo os que não jogavam tanto obrigavam quem estava a jogar a titular a trabalhar e não facilitar sob pena de perder o lugar”, acrescenta.

O Boavista foi campeão em 2000/01 com 77 pontos, produto de 23 vitórias, oito empates e três derrotas.

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  • EU
    19 mai, 2021 PORTUGAL 16:45
    Já não me recordava dessa época. Assim, não me recordava que o SEXTO CLASSIFICADO tinha ficado com 23 pontos de diferença do campeão. Há dois dias e não só, ouvi alguém vangloriar-se de que na ÚLTIMA DÉCADA o seu clube foi x vezes campeão. Se calhar e só por calhar o Homem não se lembra dessa época, como EU. Recordar faz bem e é aconselhável, por isso o meu muito obrigado.

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