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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Respeitar a PSP

17 mai, 2021 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os polícias não são perfeitos, mas arriscam a pele na defesa da nossa segurança. E conhecem bem aquilo de que falam – como sejam os riscos de violência das multidões. Já os burocratas e os governantes é duvidoso que conheçam suficientemente matérias sobre as quais decidem.

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ordenou à Inspeção-Geral da Administração Interna que fizesse um inquérito ao que correu mal nos festejos em Lisboa, depois de o Sporting ter assegurado a vitória no campeonato nacional de futebol, que o clube não ganhava há 19 anos. O primeiro-ministro invocou no parlamento este pedido de inquérito para responder às críticas da oposição ao que se tinha passado naquela festa. A. Costa é o responsável máximo por tudo aquilo que o seu governo faz ou deixa de fazer, mas também é um mestre na arte de sacudir a água do capote.

Afinal aquilo não era uma festa – era uma manifestação. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, disse que, legalmente, a Câmara não tem poderes para proibir uma manifestação. Oportuna saída para se desresponsabilizar dos lamentáveis incidentes, embora a Câmara de Lisboa tivesse participado em várias reuniões preparatórias da festa dos sportinguistas.

A Câmara alega que um e-mail da PSP andou vários dias perdido nas suas instalações; mas, com e-mail ou sem ele, a Câmara de Lisboa não podia desconhecer que a PSP se opôs reiteradamente, por exemplo, à colocação de um écran gigante (até foram dois) em frente ao estádio.

O inquérito ordenado pelo MAI tinha um objetivo evidente: culpar a PSP pelos desacatos. Ora a PSP informa que alertou e apresentou propostas alternativas, que não foram aceites. “A PSP colocou em cima da mesa propostas diferentes que, no nosso entender, dariam mais garantias de uma maior capacidade de reação por parte da PSP”, disse à agência Lusa o vice-presidente do Sindicato Nacional de Oficiais da Polícia. Bruno Pereira avançou ainda que a PSP se “opôs veementemente” ao modelo proposto pelo Sporting para o estádio e para o desfile do autocarro com os jogadores, tendo apresentado alternativas que permitiriam à PSP “agir de forma efetiva e não estar sempre a correr atrás do prejuízo”.

Sabe-se hoje que a PSP apresentou três propostas alternativas às autoridades camarárias e governamentais. Nenhuma dessas propostas foi aceite. Na véspera dos incidentes o diretor nacional da PSP chegou a solicitar a intervenção do ministro E. Cabrita. Como seria de esperar, dado o comportamento habitual deste “excelente ministro” (palavras de A. Costa), E. Cabrita não mexeu uma palha.

A PSP merece mais respeito. Só que aos atuais governantes dá jeito fazer da polícia um bode expiatório neste caso. Os polícias não são perfeitos, mas arriscam a pele na defesa da nossa segurança. E conhecem bem aquilo de que falam – como sejam os riscos de violência louca das multidões. Já os burocratas e os governantes é duvidoso que conheçam suficientemente matérias sobre as quais decidem.

Um caso exemplar é o da Secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira. Segundo lembrou Marques Mendes, comentador da SIC, esta senhora disse há pouco mais de um ano ao jornal “Diário do Alentejo” que “Odemira é um exemplo de integração de migrantes”. Durante a recente crise não apareceu; mas há dias afirmou que conhecia as chocantes condições de alojamento dos imigrantes em Odemira, por isso não se surpreendeu com o que ali aconteceu. Mais palavras para quê?...

Comentários
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  • Anónimo
    18 mai, 2021 Lisboa 16:25
    Se a PSP quer ser respeitada, tem que respeitar. Balas de borracha CEGAM pessoas, como acontece com frequência no estado espanhol. Já eu recuso-me a ser politicamente correcto e inclusive apelido a PSP de bosta, o que para mim é um eufemismo. Querem respeito? Dêem-se ao respeito.
  • manuel ferraz
    17 mai, 2021 Porto 19:38
    Parabéns pelo seu artigo de opinião Sr. Francisco Sarsfield Cabral. Concordo com tudo o que disse e assino por baixo.
  • Maria Oliveira
    17 mai, 2021 Lisboa 10:01
    O primeiro-ministro é, na verdade, um especialista em "sacudir a água do capote". O ministro Eduardo Cabrita é uma completa nulidade. O presidente da Câmara segue o primeiro-ministro: nunca tem responsabilidades. E a PSP, que aqueles pretendem responsabilizar, foi, neste assunto, quem esteve bem. E todos aqueles irresponsáveis pretendem agora culpar a PSP. Uma infelicidade!