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Cardeal Tolentino. “O grande legado do cristianismo é a conceção da pessoa humana”

15 mai, 2021 - 11:00 • Aura Miguel

Para o bibliotecário e arquivista da Santa Sé “cada geração deve renovar permanentemente o percurso deste cristianismo social”.

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Tolentino de Mendonça
Tolentino de Mendonça

“Sair com Cristo ao encontro de todas as periferias” é o tema do Congresso da Pastoral Sócio-Caritativa do Patriarcado de Lisboa, que reúne este sábado, em Torres Vedras, representantes de várias áreas.

Na conferência de fundo, sobre “Caridade e profecia: uma reflexão para o presente”, o cardeal Tolentino de Mendonça sublinhou o valor e atualidade incontornável da Doutrina Social da Igreja, desde Leão XIII até aos dias de hoje.

“Aquilo que está na chave, como motor da Doutrina Social da Igreja, seja no final do séc. XIX, em que houve uma mudança epocal, seja nesta nova mudança de época em que vivemos - porque também nós estamos no olho do furacão - o que está no centro é o legado do cristianismo à humanidade, ou seja, é a conceção da pessoa humana”, disse D. José Tolentino. “Esta conceção nasce com o cristianismo. Nasce, do impacto da pregação de Jesus, da sua mensagem e do aprofundamento que as primeiras gerações de cristãos, de teólogos, de pensadores fazem acerca do significado da pessoa humana.”

O bibliotecário e arquivista da Santa Sé refletiu como a Igreja, com a sua doutrina social, “ganhou um direito de cidadania” e que “cada geração deve renovar permanentemente o percurso deste cristianismo social”. Por isso, a Doutrina Social da Igreja “não é um mero apêndice, mas está no coração da própria Igreja”, sublinhou.

Tolentino recordou como os diferentes pontífices, desde Leão XIII, têm estimulado a Igreja. “Basta pensar que o Papa Francisco já escreveu duas encíclicas sociais” (Laudato Si e Fratelli tutti) e como existe “um grande chamamento à mobilização social não podemos ver a pastoral sócio-caritativa como um departamento apenas, mas como uma corrente, um sopro transversal, uma responsabilidade de todos, um domínio da pastoral que percorre todas a áreas.”

Mas na sua intervenção deixou um alerta: “Sem este compromisso, sem esta resposta, o cristianismo corre o risco de ficar desencarnado e teórico”.

Os trabalhos deste congresso decorrem durante todo o dia e vão reunir testemunhos de quem está “no terreno”, junto de diferentes realidades da pastoral. Será encerrado pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, com uma intervenção sobre “as periferias como lugar privilegiado da presença da Igreja”.

Comentários
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  • Desabafo Assim
    16 mai, 2021 Porto 10:46
    Bem, não era necessário ir tão longe, Jacinta "não digas nada à minha mãe".
  • Desabafo Assim
    16 mai, 2021 Porto 10:29
    Aquela imagem do ancião curvado perante a bíblia, o padre Cruz, para quê a bíblia sempre na mão? Será caso que a não conhece de traz para a frente? Quer pistas, quer que o Espírito lhe vista frases velhas com roupas de seda, quer um telefone, pois as palavras podem ser encontradas ao acaso, mas a besta não as sabe vestir. Assim o leitor afirma com toda a razão, quero um telegrafo eu próprio depois farei a correta entoação. O que precisamos mesmo é de saber de coisas para oferecer a Deus, sacrifícios da nossa parte que sejam agradáveis aos seus olhos, coisas palpáveis para por no altar, oferendas. Pois felizes são os que sofrem por amor ao Pai, assim todo aquele que sofre pode oferecer o seu sofrimento ao Pai, mesmo numa cama de Hospital pode fazer dessa condição o que de mais há de aproximação ao Pai, oferecer esse sofrimento que a vida lhe impinge ao Pai. Evidentemente que é impossível de o fazer sem oração, mas com a oração é possível de não deixar transparecer esse sofrimento, a Ti, Pai supremo, e por meu amor perante Ti vou encobrir toda esta dor a todos os que me rodeiam e lavar a minha cara para que se não saiba. Certas coisas me vêm parar às mãos e outras que já ouvi falar e quero rever procuro e não encontro, dessas está uma cronica de uma Santa (Americana?) que padecia de uma doença que provocava dor, mas recusava-se a ir trata-la e foi tratada obrigada porque quem com ela convivia, achei interessante essa postura face à dor. Gostava de reler sobre isso.
  • Ivo Pestana
    15 mai, 2021 Funchal 14:15
    Conheço o Sr. Cardeal desde a altura que foi pároco no Livramento, Funchal. Boa pessoa, simples e inteligente. Mas gostaria de criticar a nossa Igreja porque deixa-se levar por mundaníces e não têm tempo para nos dar uma palavra. Os nossos sacerdotes estão sempre com pressa, ocupados com burocracias, festas, obras e não nos atendem, só nos dão umas palavras nas homilias. Já disseram não ter tempo para uma ajuda espiritual, Jesus atendia os seus. Por isso, dizer amai-vos uns aos outros e não nos dar uma palavra ou desvalorizar os nossos problemas é quase uma hipocrisia. O padre tem de ser um pastor e não um gestor, sinto isso nas paróquias.

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