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Domingos Paciência

​Último rei português dos goleadores foi coroado há 25 anos

11 mai, 2021 - 21:27 • Pedro Azevedo

A 12 de Maio de 1996, Domingos Paciência foi o último português a conquistar o troféu de melhor marcador do campeonato. Faz hoje um quarto de século.

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Há 25 anos, Domingos Paciência conquistou o troféu de melhor marcador do campeonato e, desde então, não mais um português conseguiu alcançar tal feito.

A 12 de Maio de 1996, o Porto vencia o Belenenses no antigo Estádio das Antas por 1-0 (golo de Edmilson) e sagrava-se campeão nacional, sob o comando técnico de Bobby Robson, com 11 pontos de avanço sobre o Benfica de Mário Wilson.

Nessa tarde de 12 de maio de 1996 houve dupla celebração nas Antas: o título portista e a consagração de Domingos Paciência como melhor marcador, com 25 dos 84 golos apontados pelos portistas na competição.

“1995/96 foi a minha melhor época. Tudo se conjugou. Um grande treinador, uma grande equipa técnica, um grande grupo de trabalho, um companheiro muito bom jogador, como era o Kostadinov, e uma equipa que me servia muito bem com jogadores como Drulovic, Edmilson e João Pinto, com os seus cruzamentos. Tudo ajudou a que eu fizesse uma grande época com um grande treinador muito virado para situações de finalização e que gostava de ganhar por muitos. Isso ajudou-me bastante para que eu me conseguisse consolidar como ponta de lança”, refere Domingos Paciência, em entrevista a Bola Branca.

Oito golos aos rivais na época da consagração

A principal vítima de Domingos Paciência nessa época de 1995/96 foi o Sporting. Apontou seis golos aos leões. Quatro para o campeonato (dois nas Antas num triunfo por 2-1 e outros dois em Alvalade, numa vitória por 2-0) e dois na segunda mão da Supertaça (2-2). Ao Benfica, Domingos Paciência marcou dois golos no 3-0 com que o FC Porto bateu o rival, em casa, na primeira volta do campeonato.

Ao todo, oito golos aos rivais Sporting e Benfica numa só época. “São os jogos que qualquer jogador gosta de fazer. Os grandes clássicos, os jogos que ficam para a história. Esses jogos fazem-nos sentir jogadores. Jogos que me deixam orgulhoso e com saudades de os viver. Os adeptos ficam mais próximos dos jogadores na saída e na chegada. Os estádios assim o permitiam. Mas são jogos que marcam a carreira de um jogador”, reconhece.

Polémica quando perdeu troféu para Rui Águas

Domingos Paciência tinha 27 anos quando conquistou o troféu de melhor marcador do campeonato português e nesse ano esteve na fase final do Europeu de Inglaterra, marcando um golo à Croácia. Portugal foi eliminado nos quartos de final com o famoso chapéu de Poborsky a Vítor Baía.

Na tabela dos melhores marcadores da Liga de 1995/96, Domingos Paciência foi o primeiro classificado com 25 golos, seguindo-se João Vieira Pinto (Benfica) com 18 e Edinho (V Guimarães) com 15.

Foi a única vez na carreira de Domingos Paciência, nono melhor goleador da história do FC Porto, com 144 golos, que o avançado ergueu o troféu denominado “Bola de Prata” (atribuição do jornal "A Bola").

Antes, em 1990/91, havia estado muito perto da proeza mas perdeu para Rui Águas do Benfica. Rui Águas somou 25 golos e Domingos Paciência 24. Uma diferença de um golo que ficou atravessada na garganta do ponta de lança portista, porque na altura não lhe foi atribuído um golo num jogo com o Beira Mar.

“Ainda hoje, quando me lembro, fico triste porque poderia ter sido por duas vezes o melhor marcador da Liga. Aconteceu num jogo em que deixou dúvidas sobre quem foi o último jogador a tocar na bola. Fui um dos que toquei na bola, mas retiraram-me esse golo e a vantagem no fim do campeonato acabou por ser do Rui Águas. Na altura foi uma embrulhada de jogadores com o Semedo, o Dinis e eu próprio. Hoje ainda está por esclarecer quem fez o golo”, lamenta.

Preferência por Pedro Gonçalves

Domingos não venceu em 1991, mas conquistou o troféu em 1996. Passaram 25 anos e o campeonato nunca mais teve um português a ganhar a “Bola de Prata”.

A nacionalidade com mais títulos nesse período de tempo foi a brasileira com 13 troféus: Jardel (4 pelo FC Porto e 1 pelo Sporting), Liedson (Sporting, 2), Jonas (Benfica, 2), Pena (FC Porto, 1), Nené (Nacional, 1), Hulk (FC Porto, 1) e Carlos Vinícius (Benfica, 1).

O colombiano Jackson Martínez (FC Porto) conquistou o troféu em três ocasiões e o paraguaio Cardozo (Benfica) venceu por duas vezes. Com um título há ainda o senegalês Fary (Beira-Mar), o sul-africano McCarthy (FC Porto), o camaronês Meyong (Belenenses), o argentino Lisandro Lopez (FC Porto), o holandês Bas Dost e o suíço Seferovic (Benfica).

Na história do campeonato português, o jogador que mais vezes se sagrou melhor marcador do campeonato foi Eusébio em sete ocasiões.

Na atual temporada, Pedro Gonçalves do Sporting, a duas jornadas do fim do campeonato discute o troféu com Seferovic do Benfica.

“Sou português, gosto dos jogadores portugueses e dos pontas de lança portugueses. Se tiver de ganhar que ganhe o Pedro Gonçalves. Ele não é um ponta de lança, é um médio ofensivo. Seferovic é um jogador de área, um homem golo. Pela época que o Pedro Gonçalves tem feito é merecido, se vencer o troféu. Fico satisfeito que um português me suceda porque há 25 anos que não acontece. Mas ficaria ainda mais satisfeito se fosse um homem de área português a colocar o seu nome na lista dos melhores marcadores”, declara.

Se Pedro Gonçalves conseguir vencer o troféu de melhor marcador do campeonato, quebra um jejum de 25 anos de jogadores portugueses, sucedendo a Domingos Paciência. Com a camisola do Sporting, o último português a sagrar-se maior goleador da competição foi Jorge Cadete em 1993.

A duas jornadas do final do campeonato, Pedro Gonçalves e Seferovic dividem a liderança, com 18 golos. O suíço tem vantagem, por ter menos tempo de jogo do que o médio do Sporting.

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