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Bragança aproxima-se da comunidade surda através de uma figura digital

11 mai, 2021 - 15:24 • Olímpia Mairos

Autarquia implementa Avatar de Língua Gestual Portuguesa nos sites municipais e prepara-se para avançar com um projeto inovador com vista a minimizar obstáculos aos cidadãos portadores de deficiência no acesso a conteúdos dos espaços culturais.

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A autarquia de Bragança dispõe de uma nova tecnologia, com o objetivo de incrementar acessibilidade às plataformas web do Município.

Trata-se de uma moderna e inclusiva ferramenta que facilita a leitura dos conteúdos dos sites municipais, através de um Avatar de Língua Gestual Portuguesa. O objetivo é democratizar a acessibilidade à informação municipal.

O projeto chama-se VirtualSign, representa um investimento na ordem dos 6 mil euros, e, segundo a autarquia, quer facilitar a comunicação e interação com o município, especialmente das pessoas com dificuldades de audição.

Para experimentar esta nova funcionalidade, o utilizador só tem que sublinhar o texto pretendido e clicar na seta. Depois o texto é traduzido automaticamente.

Segundo o presidente da Câmara de Bragança, o projeto permite “eliminar algumas barreiras linguísticas e pretende criar maior proximidade com a comunidade surda”, realçando que a “inclusão social é uma das prioridades do município de Bragança e este é, claramente, um pequeno, mas gigante passo nesse sentido”.

De acordo com as estatísticas, em Portugal existem mais de 115 mil pessoas com deficiência auditiva, dos quais 30 mil são considerados surdos e cerca de 80% dos surdos têm uma educação insuficiente ou problema de literacia, fazendo com que apenas 2.5% dessas pessoas tenham capacidade de leitura condizentes com a idade.

“Cultura para todos”

Atento às necessidades especiais dos cidadãos, para além deste projeto, a autarquia de Bragança tem investido na implementação de políticas de inclusão em diversas áreas e setores, com o objetivo de “defender a dignidade, bem-estar e direitos da pessoa com deficiência”.

Em desenvolvimento encontra-se o programa “Cultura para todos”, um investimento superior a 365 mil euros, que conta com fundos comunitários, com vista a minimizar os obstáculos no acesso a conteúdos dos espaços culturais, promovendo, deste modo, um acesso igualitário por parte de cidadãos portadores de deficiência/incapacidade sensorial (visual ou auditiva), bem como cognitiva e intelectual.

“Um projeto inovador que o Município de Bragança vai implementar em diversos espaços culturais municipais, como o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, o Centro de Fotografia Georges Dussaud, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, o Museu Nacional Ferroviário de Bragança e o Teatro Municipal de Bragança, que vão, assim, ser dotados de diferentes valências de modo a ficarem acessíveis para todos os cidadãos, sem exceções”, assinala a autarquia em comunicado enviado à Renascença.

Neste contexto, a autarquia indica que ainda durante este ano, os vídeos produzidos pelo município serão gravados com legendagem para surdos, permitindo que todos os cidadãos, sem exceção, tenham acesso a este tipo de informação.

Também e no âmbito do programa “Bragança Acontece”, todos os projetos e iniciativas de cada semestre são disponibilizados em linguagem braile, para que a comunidade de invisuais possa acompanhar as principais notícias e iniciativas do concelho.

Autocarros acessíveis e mobilidade inclusiva

A mobilidade inclusiva para todos também não foi esquecida com os novos autocarros a oferecerem a possibilidade de serem utilizados por todos os cidadãos, sem exceções.

O meio de transporte já disponibiliza “uma rampa de acesso para cadeira de rodas e dispõe, ainda, de um sistema sonoro para alertar os invisuais para as paragens”, indica a autarquia.

Ao nível da mobilidade pedestre, foram requalificados os passeios, colocados mosaicos táteis e direcionais para os invisuais e retirados os obstáculos desnecessários que pudessem comprometer a mobilidade em segurança.

Também as passadeiras, em Bragança, foram intervencionadas e rampeadas, para que os invisuais e pessoas com mobilidade condicionada possam circular com maior facilidade. Já os semáforos foram dotados com um sistema de contadores (que faz a contagem decrescente, de forma visual) para auxiliar os surdos a efetuarem a travessia em segurança.

Em termos de comunicação nos equipamentos e interfaces, a informação foi adaptada para daltónicos, invisuais e surdos, bem como para pessoas com mobilidade reduzida.

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