05 mai, 2021 - 09:20 • Olímpia Mairos
A vila manuelina de Freixo de Espada à Cinta recebe, nos próximos dias 9 e 10 de julho, a quinta edição do Freixo Festival Internacional de Literatura (FFIL), um evento de referência cultural para a literatura em língua portuguesa.
A iniciativa, promovida em parceria pela Editorial Novembro e o Município de Freixo de Espada à Cinta premeia, este ano, a escritora Hélia Correia que, segundo a organização, “reflete a influência de Guerra Junqueiro, tanto na parte literária, na sua poesia e no discurso poético da sua obra, como nas convicções políticas que sempre o entusiasmaram”.
“O legado de Guerra Junqueiro é e continuará a ser uma fonte de inspiração para a formação de muitos poetas e escritores do século XX e XXI”, afirma Avelina Ferraz, da Editora Novembro, acrescentando que, “enquanto assim for, podemos celebrar em pleno a língua portuguesa”.
O galardão foi alargado, em 2020, à Lusofonia e no entender de Avelina Ferraz transformou-se, assim, em “um importante contributo para um movimento criador de uma união cultural lusófona e responsável”.
Em 2021, os agraciados com o Prémio Literário Guerra Junqueiro Lusofonia 2021 são: Albertino Bragança, de São Tomé e Príncipe, Vera Duarte Pina, de Cabo Verde, Abraão Bezerra Batista, do Brasil, Abdulai Sila da Guiné-Bissau, Luís Carlos Patraquim, de Moçambique, Agustín Nze Nfumu, da Guiné Equatorial, João Tala, de Angola e Xanana Gusmão, de Timor-Leste.
Para a presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, Maria do Céu Cintas, “ter Guerra Junqueiro como filho da terra é, por si só, motivo de orgulho. Perceber que existe uma ligação afetiva e efetiva ao património das letras e da cultura das palavras, torna esta missão cultural ainda mais desafiadora junto das nossas comunidades na Diáspora”.
O prémio literário Guerra Junqueiro tem sido atribuído desde 2017, no âmbito do FFIL. Em 2017, o prémio foi atribuído ao poeta Manuel Alegre, em 2018 ao poeta Nuno Júdice, em 2019 a José Jorge Letria e em 2020 a Ana Luísa Amaral.
Em 2020, nos restantes países da Lusofonia, o Prémio foi atribuído a Lopito Feijóo, Angola, Raul Calane da Silva, Moçambique, Sidney Rocha, Brasil, Olinda Beja, São Tomé e Príncipe, Jorge Carlos Fonseca, Cabo Verde e Tony Tcheka, Guiné-Bissau.
Em 2021, o Prémio reúne escritores dos nove países da união lusófona.
Vencedora do Prémio Camões, em 2015, Hélia Correia (1949) licenciou-se em Filologia Românica, foi professora de Português do Ensino Secundário, e destacou-se de imediato com as primeiras obras, a poesia de “O Separar das Águas” (1981), a que se seguiu “O Número dos Vivos” (1982) e a novela “Montedemo” (1984), que a companhia de teatro O Bando pôs em cena, com sucesso.
É de poesia o seu mais recente livro “Acidentes”, editado no final do ano passado, e foi com a poesia de “Terceira Miséria” que venceu o prémio Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, na Póvoa de Varzim, em 2013.
Entre outros prémios, Hélia Correia recebeu o PEN Club e o Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco e o Grande Prémio de Romance e Novela, ambos da Associação Portuguesa de Escritores.
Apesar do seu gosto pela poesia, foi como ficcionista que Hélia Correia afirmou o seu percurso, constituindo uma das mais consistentes revelações da novelística portuguesa da geração de 1980. Os seus contos, novelas ou romances surgem sempre, porém, impregnados do discurso poético.